Desmatamento

24/9/2014
Sérgio Aranha da Silva Filho

"Li, entristecido mas já calejado, sobre o fim da grande figueira que ficava na entrada da Fazenda São Francisco (Garça/SP), aliás - e ironicamente-, o santo protetor da natureza (Comarca de 24/9/2014, págs. 1 e 5). Entretanto, brasileiros, preparem-se para muitas outras lamentações ambientais e não ambientais. O Brasil, ontem (23/9/14), na assembleia da ONU sobre o clima, recusou-se a assinar o documento referente a diminuição do desmatamento. Tal atitude ganhou muita importância, a partir do momento em que nosso país detêm a maior floresta do mundo e o mundo começa – e é só o começo – a enfrentar sérios problemas climáticos, como a seca e a falta d'água, por exemplo. Sinceramente, não seria melhor faltar a este encontro - economizando dinheiro, combustível e poupando carbono -, do que lá ir e tomar uma atitude desta, recusando-se, perante o mundo todo, a se compromissar contra o desmatamento? Ora, recusar-se a comprometer-se com o meio ambiente e com as florestas, é o mesmo que dar um aval para o desmate! A notícia já repercutiu no mundo globalizado ao qual acompanho. Novamente, saímos mal na 'selfie'. As grandes madeireiras chinesas e filipinas, já estão de malas e machados prontos para invadir o Brasil. As vozes de que a Amazônia deve, logo, tornar-se um território internacional, voltaram a falar mais alto. Dizem que a Amazônia é vital para o mundo, que o Brasil não cuida bem dela e que... Bom, o resto todo mundo já sabe, bem como todo mundo também já sabe que o Brasil, como um todo – e não só em termos ambientais -, está sendo muito maltratado. Maltratado na saúde, na educação, nos transportes, na honestidade, no compromisso social, nos esportes, na economia, na diplomacia, enfim em todas as áreas. A única coisa que vem bem crescendo no Brasil é a corrupção. Esta sim, se agiganta dia a dia e lança seus galhos e profundas raízes em todo território nacional. Nossas riquezas naturais deveriam alavancar nosso crescimento interno e externo, mas, para isto, deveríamos ter governantes honestos e racionais, já que para ser um grande país não poderíamos, por óbvio, destruí-lo! Entretanto, os desonestos perderam a vergonha e o medo. Só a imprensa consegue fazer alguma coisa e eles se mobilizam para neutralizá-la. Homens e mulheres de bem, vamos abrir os olhos! As coisas estão aí para serem vistas. Façam um paralelo. Corruptos e destruidores do meio ambiente, tem algo em comum. Quer em relação à natureza, quer no que tange a sociedade, eles só enxergam lucro, egoísmo e imediatismo. Pouco se importam com o futuro da terra e das novas gerações. A natureza e as relações sociais e políticas são única e exclusivamente só um meio e uma oportunidade de enriquecimento. O resto, que se lixe. Eles querem é ficar ricos e, momentaneamente, usufruir da terra e de seus honestos habitantes. Em termos de futuras gerações, o máximo que eles fazem é incluir e acomodar os filhos nestes corrompidos frutos, até que o manancial seja exaurido, ou que a sociedade de bem finalmente reaja e extirpe o cancro da corrupção no Brasil."

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