Eleições 2014

2/10/2014
Jorge R. S. Alves

"Embora muitos concordem que o poder real de mudar o Brasil reside no Congresso, a mídia acaba pautando a discussão em termos da disputa pelo Executivo e as atenções acabam deixando o mais importante de lado. Na verdade não há muito que esperar do que for eleito, seja ele qual for, pois, de acordo com as pesquisas, os deputados e senadores já estão práticamente definidos e pertencem às 'tribos' (ou seria 'capitanias'?) que dominam o Congresso atualmente: parentes e indicados pelos donos das atuais posições! E que poder real tem um presidente sem maioria no Congresso? Se tem que 'negociar' o que pretende fazer na base do 'toma lá dá cá'? Orando a São Francisco, dizem. Dilma está certa ao não apresentar plano de governo, assim como Aécio que o fez na undécima hora apenas como peça de campanha: eles sabem que não depende deles mudar a nossa realidade e pretendem ter ou se manter no poder (com a caneta)! A única que se distinguiu nesse sentido (e não significa que eu concorde integralmente com o que ela pretende) é Marina Silva, que assumiu publicamente que só terá condições de governar de uma forma séria com o apoio de todos. Não dos partidos (que não existem em termos programáticos), mas dos que a eles são filiados e que tenham princípios e capacidade de realização para lutar pelas mudanças, que, pelo que ela diz - e aí sim eu concordo plenamente - tem de ter como base uma reforma política que altere a atual estrutura (reacionária) de poder! Sem essa reforma, e que tem de ser feita contra os interesses pessoais dos que dizem ser nossos representantes, continuaremos com a velha forma de fazer política em que o PMDB é mestre, como vão voltar a mostrar estas eleições após o fechamento das urnas: sem ter candidato à presidência vai ser o partido com maior crescimento em termos de poder e sem o qual o futuro presidente nada conseguirá fazer! Não à toa tanto o PMDB (Temer) como o PSDB (Aécio) assumiram imediatamente que não aceitam ter seus quadros cooptados para uma administração que não se submeta a eles, que qualquer negociação só poderá ser feita em termos partidários (sic)! Sim o PT, por motivos óbvios, nem se manifestou. Na verdade a disputa pela presidência dentro de nosso contexto é apenas uma 'nuvem de fumaça' para iludir os eleitores e encobrir as manobras dos caciques partidários para continuarem dando as cartas."

Envie sua Migalha