Impeachment

27/10/2015
João Bosco Alexandrino

"A paciência da cidadania tem limites (Migalhas 3.728 - 26/10/15 - "Qualquer semelhança é mera coincidência" - clique aqui). Os órgãos representativos da sociedade civil - OAB dentre outros - devem atuar com sua representatividade para evitar o caos social e a revolta da sociedade civil. Já se nota um sentimento de impaciência na sociedade com a impunidade. Enquanto os jornais estampam desvios de milhões de reais - bilhões, muita vez - a violência graça nas ruas e a impunidade. Não se deve olvidar da percepção da população. Todos sabem que a violência das ruas cresce porque falta dinheiro para organizar a segurança pública e para proteger a cidadania. Todo delinquente sabe que dificilmente será punido. E quando é punido, escapa no instituto da "progressão da pena". E a sociedade sabe que o instituto da progressão da pena não foi criado e não foi instituído para recuperar os condenados, mas porque falta dinheiro para manter e organizar as prisões e para uma política de verdadeira recuperação dos delinquentes. E falta, porque um reduzida classe de privilegiados vem se apropriando dos recursos oriundos dos imposto que nós pagamos. E uma apropriação engrossada de todas as formas: subsídios nababescos, benefícios e penduricalhos em contra-cheque, e, mais do que isto, corrupção. Corrupção e desvios de recursos em todos os setores da administração e da organização institucional do Poder Público. Vimos, ontem, o ex-presidente FHC, odiado pelas classes privilegiadas por ter organizado a Administração Pública e o caos herdado do regime militar, o vimos incluir o presidente Lula no rol dos suspeitos e salvar, pelo menos em termos, a presidente dilma (dilma, mesmo. Minúscula. Para não chamá-la de presid'Anta). É verdade. Vimos o Lula chegar à presidência da República há 12 anos, com uma mão atrás e outra na frente, peladinho, peladinho e sair de lá ostentando riqueza. Em 10 anos e num período que ele não teve outra atividade que não presidir a República. E mais do isso, vimos todos os seus familiares enriquecer e ostentar. E ele justificando -publicamente - que os filhos enriqueceram trabalhando. Mas não diz trabalhando em que e qual tipo de trabalho ou de negócio dá para enriquecer um cidadão e o tornar arquimilionário, no curto espaço de 10 anos. Na verdade, é a primeira vez, na história da Republica, que uma investigação sobre peculato chega tão perto de um ex-presidente da República. Essa história de que não há nenhuma prova contra a Dilma é conversa fiada. Desde a primeira eleição dela - 2010 - que as delações premiadas comprovaram dinheiro do Lava Jato sustentando suas campanhas. E nós - a sociedade civil - pagando a conta. As 'pedaladas fiscais' são uma realidade. Ou seja, Ela falsificou o demonstrativo de contas públicas para o Congresso e para o TCU. É muito grave. A OAB sempre esteve ao lado da cidadania e da sociedade civil. De um tempo para cá, por vários motivos - não louváveis - a OAB se alinhou ao lado dos poderosos. E está perdendo a credibilidade, inclusive, junto à classe profissional, junto aos advogados. Já passou da hora de a OAB retomar o seu caminho de defesa da legalidade e da legitimidade. E meditar, pelo menos um pouquinho - um pouquinho só - na memória de Sobral Pinto (que enfrentou altaneiro o Estado Novo do caudilho Getúlio Vargas) e na memória de Ruy Babosa, o monstro da Conferência de Haia e a Luz que iluminou os tempos sombrios da República Velha do Marechal Floriano Peixoto)."

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