Os atentados em São Paulo e as questões sociais 2/6/2006 Adilson Dallari "Muito interessantes as manifestações sobre a pena de morte (Migalhas 1.424 – 31/5/06 - "Migalhas dos leitores - Pena de Morte" / Migalhas 1.425 – 1/6/06 – "Migalhas dos leitores - Pela hora da morte"). Elas comprovam que o assunto é politicamente incorreto, motivo pelo qual é melhor ficar calado, a não ser para ser contra. Alguns são contra porque a vida é um valor supremo, mas não consideram as vidas das vítimas, inclusive dos burgueses brancos, que criam empregos e pagam impostos, e que também são amparados pela Constituição. Outros preferiram fazer de conta que não estamos numa situação crítica, com um aumento exponencial da criminalidade violenta, da crueldade, da ousadia, da intensidade e da insegurança. Ninguém defendeu o sistema carcerário, reconhecidamente uma escola do crime. Mencionou-se o risco do erro Judiciário, como se isso não existisse na pena de prisão ou como se o aprisionamento indevido fosse algo reversível. Alguns apelaram para o sociologismo barato, associando o crime com a pobreza, de maneira ofensiva à imensa maioria dos trabalhadores humildes, que desempenham tarefas absolutamente essenciais para a sociedade, que vivem exatamente nas áreas de maior risco e são assassinados em muito maior quantidade que os ‘branquelos’ em suas fortalezas e seus blindados. Enfim, continuamos debatendo com especial ardor teorias e idéias românticas avançadas até para o primeiro mundo, mas que, infelizmente, não se ajustam aos criminosos e à criminalidade do terceiro mundo. Enquanto isso, a polícia e os bandidos travam uma cotidiana luta de morte, criando condições ideais para a atuação dos grupos de extermínio. Somos contra a pena de morte, mas ignoramos a morte sem pena. Salve-se quem puder." Envie sua Migalha