Decifra$

22/10/2018
Mário Márcio Ferreira

"Leio um tanto espantado as afirmações do emérito professor Francisco Petros, no artigo intitulado 'Expectativas e riscos sob Bolsonaro' (Decifra$ - 18/10/18 - clique aqui). Isso porque ali está posto que: 'e se formaram claques que aplaudem os candidatos sem que se saiba claramente o que estes estão a dizer e propor. A política virou, por assim dizer, um espetáculo que diverte ou emociona, mas que não se propaga para a formação de expectativas e novas perspectivas'. Causou-me espanto, sim, pois acho que, no caso, houve uma equivocada apreensão do tipo de voto que o leitor está dando (ainda que possa esse voto não ser o melhor, mas é o que nos resta). Com efeito, a mim me parece que o recado é no sentido de que, com esse voto, estamos tentando dar início a uma faxina no país, começando uma limpeza moral, ética e tentando resgatar valores e princípios que nós, das gerações cinquentona e sessentona, recebemos de nossos pais; ou mesmo as dos anos setenta e oitenta (como meus filhos) que tentam repassar aos seus filhos (nossos netos), em termos de educação, respeito e fé. Data venia penso que, muito ao contrário, nós, os eleitores, estamos atentos aos discursos dos candidatos a presidente, sim, e muito atentos, tanto aos falados e escritos, quanto àqueles não pronunciados por suas bocas, mas ditos por seus mandatários em outras épocas. E pelos discursos decidimos por aquele que mais nos representava: não deixar que nosso país, o lugar que amamos e aprendemos a respeitar, fosse conduzido por alguém que pensa em desconstruir valores morais, políticos, éticos, valores esses com que fomos criados, impondo outros como os de Cuba ou Venezuela, v.g.; a escolha foi no sentido de colocar como dirigente alguém que pensa como nós, que nos representa, nós, a esmagadora maioria dos brasileiros. Quanto a mim, fiz uma pequena enquete entre os mais jovens, indagando: você é capaz de cantar o Hino Nacional completo? Você já ouviu o Hino à Bandeira? Para ambas a resposta foi um sonoro não, algumas vezes acompanhado da pergunta: que importância isso tem? Realmente, hoje isso não tem importância nenhuma, e até mesmo muitos adultos pensam assim. A existência da lei 5.700/71 é solenemente ignorada por todos, e os símbolos nacionais, que em países de primeiro mundo são amplamente reverenciados, aqui chegam até a ser reprimidos. Em questão de educação, em minha época um professor tinha a mesma autoridade de um familiar: só não podia bater no aluno, mas tinha o direito de corrigir. Hoje, apanham em sala de aulas e ninguém fala nada, ninguém acha isso errado. O governo, além de não se pronunciar, nada faz em contrário. Isso tudo nos revolta. Em termos de saúde, um marginal que chega a um posto de saúde não aguarda para ser atendido, e se precisar ser internado, toma o lugar de um paciente que está aguardando há dias uma internação. Finalizando esse longo desabafo, do articulista, penso que, diferentemente do que entendeu Vossa Senhoria ao afirmar que claques foram formadas apenas para aplaudir, sem se importarem com as propostas dos candidatos, as propostas postas a público pelos candidatos foram bem e suficientemente compreendidas, e dentro do cenário vivido pelo país que amamos, foram as que mais nos atraíram (ou nos causaram repulsa, dependendo da análise). Por isso essas manifestações de apoio (ou de repúdio) cada vez mais fragorosas."

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