Artigo - Omnia munda mundis

7/12/2006
Ovídio Rocha Barros Sandoval - Advocacia Rocha Barros Sandoval & Ronaldo Marzagão

"Sobre o oportuno e bem lançado artigo do eminente professor Sergio Bermudes a respeito da despropositada atitude do Ministro Joaquim Barbosa, em lançar, de público, que o Dr. Maurício Corrêa teria realizado tráfico de influência, gostaria de acrescentar que o referido Ministro haveria de meditar sobre as seguintes ponderações, que passo a relatar (Migalhas 1.549 – 4/12/06 – "Quid pro quo" – clique aqui). O meu saudoso e querido tio professor Alberto Moniz da Rocha Barros - um dos grandes advogados paulistas do seu tempo - relatava que teve a oportunidade de assistir o eminente e saudoso Ministro EDGARD COSTA  atender, em encantadora simplicidade, no auditório do E. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ainda no Rio de Janeiro, a interessados numa causa, acompanhados do seu advogado, que lhe solicitavam relatasse logo um feito e, ante o pedido de desculpas deles pela solicitação que faziam, dizer-lhes: 'não tenho que desculpá-los, não só é um direito dos senhores, como uma ajuda a mim, que estou tão superado pelo trabalho que sobre os ombros me cai, que o pedido de apressar julgamento já se tornou um critério para ordenar os casos que tenho de estudar e trazer para cá'. Que bela lição de humanidade e simplicidade. De outra parte, eu, que fui Juiz por vinte anos, nunca deixei de recordar uma lição fantástica deixada por um dos maiores advogados de São Paulo, de todos os tempos, professor NOÉ AZEVEDO. É a seguinte a lição ministrada no ano de 1927 - centenário da Faculdade de Direito de São Paulo - ao tratar  Das Virtudes Primaciais de um Juiz: 'Há juízes que entendem ser necessário ensimesmarem-se, fechando-se a dentro da muralha da toga, temerosos de se contaminarem ao contato com as partes, fugindo, como de ares pestilentos, a qualquer conversa com os advogados ou procuradores judiciais. O arminho, quando legítimo, não teme borrifos de lama, pois, deposita confiança na sua virtude essencial que é o indelével da alvura. Quem é realmente íntegro e dotado de verdadeiro espírito de justiça, não precisa brindar-se com esse manto de Proteu, tecido de falsa austeridade e genuína pedanteria, para, fumegando autoridade, manter os litigantes a certa distância, evitando o contágio da própria consciência, pelo virus das incontidas paixões. Os caraceteres retos, os espíritos puros, os juízes justos e fortes, são afáveis, atenciosos e acolhedores' ('in' 'Noé Azevedo', Homenagem da Ordem dos Advogados do Brasil, ed. 1971, pgs. 212 e 213). Por fim, não se há de olvidar, como dizia o meu saudoso e queridíssimo Amigo Ministro Domingos Franciulli Netto: 'ser Juiz é o estado d'alma do homem vocacionado'."

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