Banco 30 Horas

5/1/2007
Gisele Montenegro

"Banco 30 Horas. O impacto foi grande. Na rua Teodoro Sampaio vi um estabelecimento de crédito vazio. As moscas, com a placa acima. Sei que são várias agências informatizadas, à disposição do cliente. Anos atrás, no mesmo local, um banco ali fincara loja, com múltiplos bancários atendendo clientes. A economia girava e estava aquecida. Porém a frieza do convite do 'slogan' era constrangedora. O desemprego que deleta o conceito 'dignidade' contrasta com o avanço tecnológico. Aonde chegou a 'força da grana que destrói coisas belas...' Ótimo, rasgamos o calendário, ampliamos o tempo diário para 30 horas, sem problemas com o Ministério do Trabalho. Não precisamos de gente. Deposite seus recursos e sirva-se pela máquina. Do lado de fora filas nas portas de balcões distribuidores de miséria, garimpando mão-de-obra a custo igual a zero, para servir, conglomerados da indústria, comércio e serviços na tapeação da terceirização ou dos estágios. Será que eu quero ser atendido por máquinas? Será que eu não preferiria ver um chefe de família me atendendo, em três turnos ou quatro, de madrugada, empregado, sustentando-se? Será que veremos algum dia, BANCO 8 HORAS: seja atendido por gente. Não fechamos: empregamos. Balcões de miséria: faculdades a cada semestre, jogando legiões de profissionais, sem empresas, sem clientes, sem assessorias, na expectativa de estágios ou vaga na terceirização que fajuta a renda desses seres desesperados."

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