Programas educacionais

16/1/2007
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Será que não há algo errado com a televisão no Brasil? Como se sabe, os serviços de radiodifusão de sons e imagens (televisão) são gratuitos e abertos à comunidade, sendo que as geradoras de sons e imagens estão adstritas a finalidades educativas e culturais. Trata-se de serviço prestado diretamente pelo Estado ou, por sua delegação, pela iniciativa privada, sendo permitida sua exploração comercial na medida em que atenda a finalidades educativas e culturais. Tais serviços são considerados de interesse nacional. Interesse nacional, finalidades educativas e culturais? O que isso tem a ver com o que se passa em nossas televisões? Considerando que esses 'serviços' são prestados por meio de autorização concedida pelo Ministério das Comunicações, por prazo indeterminado e caráter precário, isso significa que a concessão pode ser revogada se não atender às finalidades precípuas educativas e culturais. Então, como é que o Ministério concedente permite a continuidade da concessão em mãos de quem promove exatamente o contrário de educação e cultura? Ou será que educação e cultura, agora, tem significado diferente? Como enquadrar em conceitos educacionais e/ou culturais um programa que exibe jovens engaiolados como animais, para satisfação do voyeurismo de alguns, que vota entre os mais capazes de atos de arrepiar? Um exame perfunctório dos programas que nos são oferecidos pela TV aberta torna evidente a não existência de qualquer finalidade educativa e/ou cultural. Nem vale a pena citar canais de TV ou programas específicos, de vez que, salvo honrosas exceções, tudo o que se passa na TV aberta é francamente escabroso, desnecessário e ofensivo a qualquer pessoa de bom senso. Uma sucessão de programas rigorosamente idiotas, nos quais são entrevistadas pessoas não menos idiotas, com cenas e situações mais idiotas ainda, que evitam cuidadosamente o que possa ser educativo e cultural, no afã ganancioso de faturamento. Se é isso que devemos receber, porque manter a exigência de finalidade educativa e cultural?"

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