Câmara dos Deputados

18/1/2007
Jayme Vita Roso

"A eleição da Câmara Federal e a origem dos fundos gastos na campanha. Venho acompanhando o périplo dos candidatos Rabello e Chinaglia, candidatos declarados à presidência da Câmara Federal, como todos os demais migalheiros. Eu, todavia, venho me perguntando onde está a vergonha nesse país? Não coloco em dúvida a honorabilidade dos dois candidatos, mesmo porque seria insano fazer uma declaração pública sem nenhuma prova ou contra prova. Mas, ensinava o catecismo da Igreja Romana, antes do Concílio, que basta um indício materializado para provar o que se passa na mente de uma pessoa. Questiono outra vez o comportamento dos candidatos, as suas viagens ao redor do Brasil em campanha franca, aberta e declarada, os custos destas campanhas, as despesas das 'churrascadas' que estão promovendo ao longo dos trajetos e até o comportamento deles, perante a sociedade. É a mesma sociedade que nos dois últimos anos cansou de ver episódios grotescos que puseram em dúvida a honorabilidade de vários representantes do povo e que, como apareceram na mídia, também me fizeram recordar um sugestivo samba cantado por Miltinho, nos anos 60, com o título 'Cara de palhaço'. Se não quisermos ter cara, ainda dentro da mesma letra, poderemos ter a pinta se quisermos. Finalmente no vai e vem, eis que aparece o presidente Lula e diz que os dois são seus filhos. E que filhos! Bem, de repente o maquiavelismo de FHC faz o PSDB, que apoiava o candidato petista, retroceder, após compromisso firmado com ele. Alias, esse partido e alguns de seus representantes são conhecidos por assinarem compromissos e depois, por razões 'superiores', voltarem atrás, pois acima de tudo está o interesse nacional. Aparece agora um outro candidato que não vai querer perder a eleição. E, provavelmente, acontecerão alguns outros rompimentos, em troca de cargos na mesa ou com outros benefícios. Isso tudo poderá resultar numa surpresa igual a de mestre Severino, sertanejo de boa cepa do agreste. E, afinal, outra vez, antes de começar a legislatura e o novo governo, o Congresso dará evidente demonstração, pelos seus representantes, de que todos aprenderam cantar aquela musiquinha, cujo refrão fez muito sucesso há pouco tempo: 'Não estou nem ai...'. Será que um dia teremos a felicidade, o deleite, a honra e a utopia realizada de um Congresso sério, operante, ético, eficaz, capaz de mover montanhas em favor do país e do seu povo? Será que vou ter essa graça de ver isso realizado? Tenho certeza de merecer, como tenho também certeza de que todos nós, migalheiros, envolvidos com a profissão, mas respeitosos com nossos deveres e nossas obrigações vejam o  sonho realizado. Que isso aconteça, não para a próxima geração, mas nesta legislatura. Vamos acabar com os assessores, escandalosos em números e salários; vamos acabar com as verbas extras; vamos acabar com os benefícios livres de imposto de renda e vamos implantar a decência, a vergonha na cara e no coração para gáudio de todos que, nesse país, continuam caçando estrelas. Cordialmente,"

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