Migalheiros

22/1/2007
Cleanto Farina Weidlich – migalheiro, Carazinho/RS

"Caro companheiro Abílio Neto:

 

Claro que quero de tudo

(inclusive a canção que me ofereceste),

as belezas que vi no Pará,

faz o índio ficar mudo,

muito louco pra voltá.

 

Estive no Marajó,

conheci o Algodoal,

dancei muito carimbó,

foi tudo fenomenal.

 

Tirando as travessias,

águas largas e profundas,

balsa-vira, balsa-não-vira, na bacia,

essa foi a única tunda.

 

Comi o pato-no-tucupi,

nadei em água bem quente,

tomei também o açaí,

muito bom mas diferente.

 

Lembro ainda da pupunha,

taperebá, jambu e murici,

fui logo metendo a unha,

c'o meu amigo guri.

 

O que mais me encantou,

foi a chuva de pancada,

por isso, ainda agora estou,

com minha alma alagada.

 

Meu caro Abílio agradeço,

espero que envies a canção,

direto pro meu endereço,

com batismo de barão.

 

Em troca te enviarei uma história,

dum gaúcho gaudério,

se não me falha a memória,

tem cultura e mistério.

 

ah! ... lembro ainda,

trouxe os versos do Maranhão,

Eduardo Dias, Max Martins,

o carimbó do Verequete, Nilson

Chaves, Pinduca, e outros ...

não significa dizer, ...

que dispenso o Gonzagão.

 

Um abraço do tamanho do Rio Grande!"

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