Ronaldo Esper

8/2/2007
Léia Silveira Beraldo – advogada em São Paulo

"O nobre migalheiro Wilson talvez não saiba, mas há distúrbios psíquicos que levam a pequenos furtos. No final da década de 70, a então mulher do então governador do Rio Grande do Sul, hoje Senador por aquele Estado, foi flagrada furtando roupas em conhecida loja da 5ª. avenida, em Nova York. Eu estava lá e assisti constrangida aos noticiários da televisão dando conta do triste episódio, que chegou a repercutir na imprensa nacional. Essa senhora - soube-se - se submetia a tratamento psiquiátrico e acabou falecendo precocemente. Há três anos, a mulher de um cliente meu, conhecida no prédio onde morava por hábitos cleptomaníacos, foi assassinada por um jovem vizinho de apartamento quando flagrada já em sua sala. Ela era italiana como o marido e gozava de uma situação financeira muito boa. Nessa ocasião, aliás, o casal havia acabado de voltar de viagem de férias pela Itália. Como a mulher do político acima citada, também ela se submetia a tratamento para depressão crônica. O laudo de sua necropsia atestou, além da causa mortis por asfixia, um tumor no lóbulo frontal do cérebro que jamais havia sido detectado nos vários exames a que ela se submetera anteriormente. O benefício da dúvida, como se vê, antes de verdadeiro princípio no campo do Direito Penal, deveria ser observado até como conduta minimamente cristã. Como já dizia o bardo da pequena Stratford-upon-Avon, 'There are more things in heaven and earth,/than are dreamt of in your philosopy'."

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