Metrô

23/2/2007
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Depois do desastre, vêm as explicações para aliviar a consciência e, também, novas revelações. Depois do desastre, é que os erros cometidos, sempre assumidos, vêm à tona. O problema da vez é a impermeabilização da Linha Amarela. Embora contratada, formal e especificamente, a colocação de uma manta de 3 milímetros, foi utilizada uma manta de espessura inferior (2 milímetros). Evidentemente o preço de uma e de outra é diferente (o que está esclarecido) e foi sendo usada a manta mais barata. Essa substituição por material inferior (não especificado no contrato) foi autorizada por alguém, quem? A compra do material inferior, quem autorizou? O material inferior entregue foi recebido por quem? A autorização do pagamento do material inferior foi dada por quem? Afirmar que o uso de material inferior não prejudica porque não compromete as estruturas é irrelevante, uma vez que foi estabelecido que a manta impermeabilizante deveria ter espessura superior à adquirida, entregue e utilizada. Em suma: os responsáveis pela obra estão admitindo o uso de material não especificado (inferior) no contrato. Conforme noticiado, o engenheiro Wagner Marangoni, do consórcio, alegou que a manta de 3 milímetros estava em falta no mercado e a aplicação da inferior decorreu de 'consenso com o Metrô'. Se isso é o que sabe e pôde dizer, então que diga também os nomes que foram responsáveis por esse consenso para a substituição violadora da regra do contrato e, certamente, também do custo e da segurança prevista para a obra. Note-se que logo depois de inaugurada a Estação Vila Madalena, uma das imperfeições que apareceram foi exatamente a dos vazamentos pelas paredes internas. Quem, na época, lá esteve e freqüentava já podia ver as estalactites e estalagmites de bicarbonato de cálcio que davam ao ambiente efeitos surrealistas cavernosos. Há quem goste desses efeitos, é claro. Mas, a obra não foi contratada e paga para tê-los; muito pelo contrário, sobretudo por causa da fiação elétrica de todas as voltagens existentes. E, como está ocorrendo na Linha Amarela, a obra não foi contratada para que fossem realizados posteriores 'serviços de injeções de componente químico que cria uma película impermeabilizante', como informa o mesmo engenheiro Walter Marangoni. Já que informou, deveria ele esclarecer também em que termos foi justificada a realização desses serviços, quem determinou a sua realização, bem como o custo dessas 'injeções' e quem arcará com o ônus correspondente. Afinal, como paulista e paulistano tenho direito a esses esclarecimentos."

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