Violência

28/9/2007
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Rosário é uma enfiada de 165 contas, correspondente ao número de 15 dezenas de ave-marias e 15 pais-nosso, para serem rezados como prática religiosa. É isso o que o Aurélio explica. Mas Rosário é, também, o sobrenome de Ademir, o Ademir Oliveira do Rosário, o novo maníaco do parque, o que matou brutalmente os dois irmãos, antes (ou depois ? ainda não se sabe) de sodomizá-los, nas matas da Cantareira. E não foi a primeira vez que Rosário saia da cadeia para praticar crimes. Entrava na cadeia e de lá saia para praticar crimes. E para lá voltava criando, assim, um álibi perfeito. Em outubro de 1988, depois de cumprir pena por homicídio, saiu ? devidamente ressocializado, é claro ? e foi novamente preso, desta vez por roubo seguido de violência sexual. Ficou na Casa de Tratamento e Custódia de Taubaté até 2006 quando uma equipe multidisciplinar ? psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros ? concluiu que ele já não oferecia risco à sociedade. Com base nesse laudo o juiz colocou-o no programa de desinternação progressiva e, então, ele foi, de novo, para a rua, para praticar novos crimes, todos de ordem sexual, sua especialidade. Na verdade, sua vida criminosa começou aos 19 anos quando, em 1990 já fora preso em flagrante por roubo, pelo qual ficou detido 2 meses e acabou liberado após a condenação de 1 ano e nove meses em regime aberto. Em outubro de 1991 cometeu seu primeiro assassinato, mas foi solto mesmo antes de ser julgado, só Deus sabe o porquê. Em 1998, ainda nas ruas, praticou novo roubo e abusou sexualmente da vítima e preso, acabou sendo condenado a 7 anos, agora pelo crime anterior, de assassinato. Em maio de 1999, nova condenação, agora de 11 anos, pelo roubo seguido de violência sexual. Somado tudo, 19 anos, 7 meses e 19 dias de prisão. Só estaria na rua em 2008. Mas, em 2004, teve a pena convertida em medida de segurança e, porque acharam que ele tinha alguma doença mental, a pena foi anulada e o criminoso foi transferido a um hospital psiquiátrico, por tempo indeterminado, até que um grupo de especialistas concluísse, novamente, que ele não mais oferecia risco à sociedade. E foi o que aconteceu em 2006. Outra vez uma comissão multidisciplinar examinou-o e concluiu que havia cessado a periculosidade. E, mais uma vez Rosário foi para a rua. E, mais uma vez voltou a fazer o que sempre fez. Qualquer um, após ler as linhas acima, pode ver e concluir que Rosário iria fazer exatamente o que fez. Qualquer um. E foi o que ele fez. Como é que se conclui que alguém com tais antecedentes teve sua periculosidade cessada ? É muito dizer que só um perfeito idiota é capaz de uma conclusão dessas ? Uma equipe multidisciplinar que conclui isso deve ser responsabilizada por tal decisão. A decisão de soltar Rosário foi causa direta por uma série de mortes que não teriam acontecido se ele tivesse, como lhe cabia, ficado preso, posto que obviamente era e é um perigoso criminoso. Não é possível que a sociedade fique a mercê de equipes multidisciplinares tais que julgam empiricamente, colocando em risco a segurança social. Já não bastasse a leniência das nossas leis e a dificuldade de fazer com que o condenado cumpra a sua pena, só faltava mesmo a atuação dessas equipes multidisciplinares a trabalhar para colocar de volta às ruas todo tipo de criminosos."

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