EUA

9/1/2008
Fábio de Oliveira Ribeiro - advogado

"Já debatemos aqui mesmo as prévias sob a ótica dos jumentos. Agora discutiremos as prévias sob outro ponto de vista. 'Agora que os conglomerados podem dominar as expressões de opinião que enchem a mente dos cidadãos e selecionar as idéias que serão mais amplificadas, de modo a abafar as outras que, sejam lá quais forem suas validades, não têm patronos ricos, o resultado é um golpe de Estado de fato, derrubando o domínio da razão. A cobiça e a riqueza hoje alocam poder na nossa sociedade, e esse poder, por sua vez, é usado para fazer aumentar e concentrar ainda mais a riqueza e o poder nas mãos de poucos. Se isso lhe parece histérico demais, por favor continue a ler, porque apresentarei exemplos'. O fragmento acima não foi escrito por alguém desinformado, maníaco depressivo ou dominado por síndrome persecutória. O texto é da lavra de Al Gore (O Ataque à Razão, editora Manole, 2007), Vice-Presidente na gestão Bill Clinton e reconhecido mundialmente por causa de seu ativismo ecológico. Você se pergunta quem são os candidatos a Presidente dos EUA. Neste caso específico, acho que a pergunta poderia ser outra. Afinal, me parece que pouco importa quem será o próximo ocupante da Casa Branca. Há um século a 'Besta de Jefferson' tem sido comandada de fato pelas corporações petrolíferas, pelos mega-instituições bancárias, pelo complexo industrial-militar e, é claro, pela mídia monopolista. Não dá para acreditar que a política externa americana será modificada só porque Hillary Clinton ou Barack Obama tem outras prioridades. Há alguns anos publiquei na internet o texto Império do Medo, do qual gostaria de destacar a seguinte passagem: 'A cada década fica mais claro que os EUA é uma democracia capitalista que depende fundamentalmente da guerra externa para sustentar seu modelo político e crescimento econômico. As empresas que estão envolvidas direta ou indiretamente com a produção de armas de destruição em massa contribuem para a eleição do Presidente e obtém autorização seletiva para a exportação de seus produtos. Os contratos rendem trilhões de dólares e impostos que são utilizados para manter os contratos de fornecimento de equipamento aos militares americanos. Quando os aliados/compradores de armas e matérias primas e bens de capital necessários à fabricação destas se rebelam (caso específico de Saddam Hussein), a Casa Branca declara-os inimigos. Segue-se uma campanha diplomática para legitimar a nova guerra externa. A campanha militar acarreta a destruição dos estoques estratégicos e novos contratos de fornecimento são celebrados entre o Pentágono e os fabricantes de armas. Além disto, a destruição do inimigo cria novas possibilidades econômicas. E a reconstrução será realizada preferencialmente pelas subsidiárias das empresas americanas que operam na Europa ou que se instalarão no local logo após o fim das hostilidades. O discurso oficial da ONU e dos aliados dos EUA (Inglaterra, Canadá e França) se encarrega de disfarçar o imperialismo romano-americano e obter apoio e silêncio obsequioso da comunidade internacional. Por fim, o império do medo pratica o terror de Estado ao redor do mundo e se nutre da rebeldia dos aliados/compradores de armas e dos atentados praticados por terroristas desesperados. Será que Saddam Hussein, Bin Laden e seus seguidores suspeitam que são inimigos úteis aos interesses dos EUA?'. A história é impassível e nos fornece exemplos suficientes para concluir que quando uma sociedade adquire determinada dinâmica esta só é interrompida com uma derrota avassaladora. Desde os anos 1970 declina a participação da economia americana no PIB mundial. Sem as guerras este declínio teria sido mais rápido e acentuado. Por fim devemos lembrar que a 'Guerra ao Terror' anunciada por Bush II já originou duas batalhas extremamente rentáveis (Afeganistão e Iraque). Os principais atores econômicos norte-americanos que abocanharam bilhões de dólares com a destruição daqueles dois países contam com os lucros que a 'Guerra ao Terror' ainda pode render. Certamente farão o que for necessário para que dure por tempo indeterminado. Se algum presidente quiser interrompê-la atrairá o ódio mortal da elite econômica e militar americana."

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