Migalheiros

14/1/2008
Mano Meira

"Ao Amigo Cleanto: Amigo Cleanto. Segundo os historiadores e o próprio Giuseppe Garibaldi, em memórias escritas a seu pedido, pelo francês Alexandre Dumas, havia dois barcos, o Seival e o Farroupilha, e eles estavam impedidos de fazer-se ao mar pela Barra do Rio Grande, fortemente guarnecida pela Marinha Imperial. Para atingir e invadir Laguna em Santa Catarina, deveriam passar pela Barra do Rio Grande. Daí a idéia de colocarem os barcos em rodados e sair pelo campo afora. A epopéia foi realizada no extremo norte da Lagoa dos Patos, no local conhecido como Saco da Roça Velha, onde o Rio Capivari desemboca na Lagoa. Aí é que foram colocadas as embarcações sobre rodas no estilo de dois carretões, feitas sem uso de pregos tudo encaixado no próprio madeirame. Conforme relatos históricos, o inusitado e estranho cortejo partiu por terra no dia 5 de julho de 1839 e seguiu em direção nordeste por cerca de oitenta quilômetros. Abrindo picadas na mata, cruzando campos, baixios alagadiços, pântanos e regiões de areia mole. Chegaram na Lagoa de Tramandai em 11 de julho, em cujas águas lançaram o palhabote Seival e a escuna Rio Pardo. Esse nome, Rio Pardo, foi por Giuseppe mudado para Farroupilha em honra aos farrapos, segundo suas memórias escritas por seu contemporâneo e amigo Alexandre Dumas. Assim, Cleanto, você pode ter filmado aí no local onde o Giuseppe Garibaldi embarcou no Farroupilha, pois o Seival, nessa partida, ficou sob o comando do navegador americano John Grigs, que lutou ao lado dos republicanos contra o império do Brasil. Após o naufrágio do Farropilha, próximo a foz do rio Mampituba, é que o Garibaldi passou a comandar o ataque a Laguna no barco Seival. Talvez se você campeasse por aí pela galharia dessa figueira tão castigada pelo vento, tivesse a sorte de encontrar ainda enrodilhado pelo minuano, algum fio da barba do Garibaldi, ou, quem sabe, uns fiapos das franjas do pala do nosso herói. Um até breve do"

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