Cigarro

"A lei antitabagista do município de São Paulo foi alterada e proíbe, a partir do dia 13, que se fume, até nas áreas reservadas para os fumantes, em bares, restaurantes e lanchonetes, mesmo as que estão ao ar livre, charutos, cachimbos e cigarrilhas (Migalhas 1.837 - 14/2/08 - "Proibido" - clique aqui). O argumento do autor da proposta, o vereador José Farhat, é que o cheiro da fumaça contamina os ambientes. Tudo bem, até pode ser. Mas também é verdade é que poucos se acostumam ao mau cheiro da política brasileira. Eu, que sou fumante, de cigarros, mas que não me importo com charutos, cachimbos ou cigarrilhas, me incomodo com a presença, nos restaurantes que freqüento, de políticos, sempre sorridentes e fanfarrões, principalmente quando imagino que a conta de suas mesas, diferentemente da minha é paga com facilidades que não disponho. Quando me ocorre, então, que a conta pode estar sendo paga com um dos tais cartões corporativos da empresa Brasil, aquela da qual somos sócios minoritários, sem direito a voto, então... nem pensar. Considerando que o ser humano é um Politikon Zoon, por natureza, segundo Aristóteles, e isso inclui todos nós, a imensa maioria se vê como político passivo na presença, em um restaurante, por exemplo, de um político ao vivo, sofrendo os efeitos deletérios colaterais disso, que podem começar com a depressão simples e seguir para sintomas físicos como a perda de apetite, alterações do sono, fadiga acentuada, diminuição pelo interesse pelo sexo e, até, desejo de suicídio. Saudável, então, o interesse dos políticos sobre o cheiro do tabaco e seu desejo de impedir que invadam os espaços, principalmente o dos restaurantes, bares e lanchonetes. Mas, certamente, seria interessante que tivessem a sensibilidade de notar que a política brasileira, e os políticos são os que a fazem assim, vem tirando, de há muito, o apetite, dos cidadãos, e estragando sua digestão, e sua presença, seja ao vivo, seja na televisão, em nada colabora com a saúde do povo, principalmente dos que os elegeram."