Petrobras

19/2/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"O caso Petrobras a cada dia fica mais curioso. Agora nem se sabe se, de fato, os quatro notebooks, dois discos rígidos e dois pentes de memória, que continha informações estratégicas da estatal, estavam ou não no tal contêiner da Halliburton. Ninguém se lembra de nada. Pode ser que sim, pode ser que não, pode ser até que não seja nada disso. Quem sabe? De início, pensei, já que a Halliburton está de alguma forma envolvida, que poderia o governo brasileiro se socorrer de algum super-herói americano. Mas, pelo que se vê pelos filmes e quadrinhos, eles são um perigo em si mesmos, pois estragam e quebram tudo em volta. Que resolvem, resolvem, mas destroem tudo ao seu redor. Jack Bauer não dá, está sem tempo até para ir ao banheiro, às voltas com seus problemas, de 24 em 24 horas. Bruce Willis, Rambo, Chuck Norris, estão todos meio passados e, além do mais, serão facilmente reconhecidos. E o pessoal de 'Lost', perdidos como o material da Petrobras, não vão encontrar nada, já que sequer se encontram. Não, a verdade é que o caso da Petrobras está mais para o Inspetor Closeau, aquele da Pantera Cor de Rosa que, atrapalhado como sempre, estará à vontade entre os aloprados de nosso país. Mas, se é para criar uma manobra diversionista, como desconfiam alguns, melhor uma junta médica, ou detetivesca, como queiram, e colocar na investigação os maiores detetives do mundo, como no filme 'Assassinato por Morte', todos juntos, Sidney Wang, San Diamond, Dick Charleston, Jessica Marbles, Milo Perrier e seus respectivos acompanhantes e assistentes. Naquele filme, como no angustiante caso, não havia acontecido nada. Mas lá, como cá, todos nós iríamos nos divertir bastante. Há muitos anos, no tempo em que os detetives acima citados eram conhecidos, época dos livros de Arsene Lupin, os livros de mistério, a partir de uma certa página eram lacrados com uma fita. Isso significava que até aquela página todos os fatos eram considerados suficientes para que o leitor pudesse já ter desvendado o mistério. Muitas vezes, eu me lembro, quebrava a cabeça e recomeçava a leitura, com mais atenção, até aquele ponto, para raciocinar pretendendo descobrir o final para, só então, quebrar o lacre e prosseguir na leitura para ver, com satisfação ou não, meu acerto ou erro. No 'affaire' Petrobras, o livro virá inteiro lacrado, desde o início."

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