Artigo - Dispensas justificadas

21/2/2008
Rony Emerson Ayres Aguirra Zanini - Taubaté/SP

"Discordo frontalmente do quanto exarado pelo ilustre Prof. José Pastore, em seu texto "Dispensas justificadas" veiculado neste poderoso rotativo (Migalhas 1.841 - 20/2/08 – clique aqui). É o discurso midiático fatalista de que fala Pierre Bourdieu (cf. Contrafogos). Na verdade, a apologia da impossibilidade de 'segurar' uma pessoa empregada por força de lei, em subordinação à economia, ao mercado de trabalho e à capacitação profissional, resulta de uma concepção ideológica alienada e fetichizada (Mészáros), geradora da suposição de ausência de outros caminhos, senão aquele criado e apresentado pelo Capital globalizado, em um mundo de hiperconsumo (Lipovetsky), no qual a pessoa humana do trabalhador – verdadeiro gerador da riqueza mundialmente consumida e da qual não tem acesso – é desconsiderada, desprezada e destinada a trabalhar cada vez mais – e precariamente (em especial, prestando serviços a empresas terceirizadas e inidôneas) – e a lutar pela sobrevivência, com salários cada vez menores. Há que impor limites ao Capital. A visão neoliberal perpetrada pelo nobre articulista – e venerada por toda a elite planetária – é a geradora das mais crassas desigualdades sociais, com favelização crescente das grandes cidades (cf. Planeta Favela, de Mike Davis), extenuação dos recursos naturais e aumento da criminalidade. A OIT aprovou, com apoio do Brasil, a Convenção 158, em 1982, não sem motivos. É imperioso, ao contrário da tese derrotista de que não há o que se fazer diante da força incoercível do Capital, que se acirrem as lutas pela proteção do trabalhador e do trabalho, sob pena de perdermos, nas mesas dos grandes capitalistas, investidores e especuladores globais – donos das verdades inexoráveis da economia –, a nossa dignidade humana e a nossa morada terrestre. Que seja ratificada – e, desta vez, não seja denunciada – a Convenção 158 da OIT!"

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