Artigos - Cotas ou discriminação

4/3/2008
Jucelino L. Freitas - advogado

"Prezado Pessoa, ignorando os sofismas e jogos de opostos, voltemo-nos aos resultados (Migalhas 1.849 -3/3/08 - "Cotas" - clique aqui). O que havia antes das cotas, estipuladas por Nilcéa Freire, como reitora da UERJ, em 2002, para o vestibular de 2003? Havia uma 'reserva de vaga' de vestibular para uma classe média que dominava as vagas para os cursos mais promissores tais como medicina, direito, desenho industrial, odontologia. Aos alunos de escola públicas municipais e estaduais, visto que as federais e colégios militares conseguem concorrer com as escolas 'de igreja', eram reservadas vagas de cursos com pouco reconhecimento salarial - é isto que está em jogo, segundo os que reclamam das cotas! Se acabarmos com o sistema de cotas, voltaremos àquela situação, descrita no parágrafo anterior. Nada haverá mudado. É isso mesmo? A vitória do 'staus quo' de uma minoria em contrapartida ao interesse de uma maioria, crescente, historicamente esquecida? É esta a nação que queremos? Um país se faz de muitos e não de poucos! Faço uma proposta: mantenham o sistema de cotas para negros e egressos de escolas públicas com renda familiar até R$ 630,00 (atualmente, as cotas são para pobres) até o dia em que professor municipal e estadual de matemática, português, história, geografia, física, química, filosofia, sociologia, biologia, organização social e política brasileira (na minha época, 1991, 8ª série, havia esta disciplina OSPB) perceber pelo menos o salário mínimo necessário para honrar suas obrigações familiares, estipulado pelo DIEESE, no valor de R$ 1.954,00, por carga horária 20horas/aula semanais. E, conjuntamente, como condição resolutiva, até o dia em que Brasil obter média no exame internacional de matemática e leitura - no qual Coréia do Sul e China (Taiwan) ficaram em primeiro lugar - para ficar entre os 10 primeiros colocados. Neste grandioso dia para nossa nação, terá, em mim, um defensor para acabar com as cotas para alunos egressos de escolas municipais e estaduais. Até este dia chegar, terá, em mim, adversário fervoroso na defesa dos interesses da maioria, contrapostos aos interesses de uma minoria - cujo jogo, negativo e, nem sequer, de soma zero - é individualista e desprezível. A Universidade é Pública, deve atuar em favor do desenvolvimento das condições de vida do povo, em sua maioria. O que temos hoje é mais justo: a Universidade Pública... com vagas para alunos que podem pagar a universidade privada, mas que insistem em estudar na Pública, e ... com vagas para alunos que não podem pagar a universidade privada e que não conseguem concorrer, sem cotas, para a universidade pública. O que o sistema de cotas faz é uniformizar grupos conforme sua capacidade econômica, visto que o rendimento acadêmico daqueles com cotas é superior ao daqueles sem cotas.Ou seja, quem recebe a oportunidade pelo sistema de cotas, não desperdiça. Saudações,"

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