Células-tronco 13/3/2008 Aderbal Bacchi Bergo - magistrado aposentado "Carlos Drummond de Andrade e as pesquisas com células-tronco. Parte das pessoas é a favor e parte contra as pesquisas, mas, todas serão beneficiadas pelo progresso da Ciência, que espero aconteça, sem prejuízo para alguém, porque os experimentos dependem, dentre outros requisitos, da autorização dos 'donos' das células embrionárias. Que poderão optar por não permitirem que se realizem pesquisas com as 'suas'. 'Se não existe vida sem um cérebro funcionando, um embrião de até catorze dias, sem nenhum indício de células nervosas, não pode ser considerado um ser vivo. Os embriões congelados que se quer usar no Brasil têm menos tempo, entre três e cinco dias' (Maiana Zatz). Ela é uma das maiores especialistas em células-tronco do nosso país, com quase 300 trabalhos científicos publicados. (Veja, 5/3/2008). Quando se afirma que a vida se inicia no momento mesmo da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, seja no útero, seja 'in vitro', e que é esta a vida que deve ser protegida, já estando no interior do útero ou ainda não, nada impede que surja um Projeto de Emenda Constitucional contendo este comando. 'Os fins não justificam os meios', contra o argumento de que quem é contra as pesquisas com células embrionárias aceitará utilizar, para si ou para um parente, os progressos científicos que curem doenças hoje incuráveis, essa afirmação eu penso que se ajusta melhor às hipóteses em que os meios são ilegais, o que não ocorre no caso, pelo menos até que o Supremo termine o Julgamento, ou que a Constituição Federal seja alterada. Vivemos em sociedade pluralista na qual todas as opiniões devem ser respeitadas. Mas, tenho para mim que já ocorreu de o progresso da ciência ser considerado como inimigo capital de religiões. Basta lembrar, por exemplo, a 'santa inquisição'. As pessoas que pensam de maneiras diferentes sobre o mesmo assunto são de muita utilidade para o progresso da humanidade, precioso que seja permanente a lembrança sobre o final do magistral poema do Drummond, 'Verdade Dividida', quando ele nos ensinou que os perfis das meias verdades que cada um de nós consegue atingir não coincidem e que sendo preciso decidir qual metade mais bela: '... cada um optou segundo suas ilusões, suas paixões, sua miopia.' Saudações," Envie sua Migalha