Cigarro

"E mais, colegas migalheiros, há até um projeto de lei 2.549/07, do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), que restringe a venda e uso de produtos derivados de tabaco e estabelece o ressarcimento do Poder Público pelas empresas produtoras de produtos derivados de tabaco quando comprovado o vínculo entre o dano à saúde tratado pelo sistema de saúde e o uso dos produtos referidos. Em outras palavras, cria-se um círculo vicioso – ou viciado – do dinheiro, já que as empresas que produzem tais produtos, das quais o governo é o principal e maior acionista, devem indenizar o Poder Público, que é o próprio governo, pelos gastos que o Sistema Público de Saúde, que é do Governo, tiver gasto no trato de doenças relacionadas com o uso dos produtos fabricados pelas empresas que dão um formidável lucro ao próprio governo e que fabricam os produtos que, segundo a justificação do projeto de lei 'trazem comprovados males à saúde' e que 'podem ser considerados um problema de saúde pública'. É a exacerbação da máxima 'é dando que se recebe', pois é fornecendo cigarros e fomentando o tabagismo, considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) a principal causa de morte evitável em todo o mundo (com cinco milhões de mortes em todo o mundo por ano), que se movimenta bilhões de dólares que são, ainda mais, acrescidos pelo retorno que o projeto de lei pretende garantir de indenização... ao próprio governo. Enquanto isso, para os usuários, apesar de ser comprovadamente considerado um malefício, um vício como as drogas, que atinge um terço de população adulta mundial, ou seja 1,2 bilhão de pessoas, das quais 200 milhões de mulheres, sendo 47% da população masculina mundial e 12% de população feminina mundial, taxa-se o tabaco cada vez mais, aumentando os lucros das empresas e dos governos, argumentando-se com o livre arbítrio dos fumantes. Não parece haver uma contradição por aí? Penso nisso e escrevo isso enquanto fumo meu cigarro e, mais uma vez, outra vez mais, penso em deixar de fumar."