xHomem grávido

11/4/2008
Paulo Roberto Iotti Vecchiatti - OAB/SP 242.668

"Caro migalheiro Dávio. Também lhe agradeço pela cordialidade, apesar de discordarmos, é sempre um 'prazer dialético' debater com você. Para finalizar, só gostaria de esclarecer algumas de minhas premissas: (i) ninguém nunca provou nada que 'cause' a homossexualidade, menos ainda que seriam distúrbios. Isso são subjetivismos; (ii) a igreja católica não tentou impor sua visão de mundo à toda a humanidade apenas na Idade Média. Ela se opôs à secularização do casamento (o que tornou o casamento acessível a todas as religiões, em termos de direitos), se opôs ao divórcio (e à liberdade das pessoas em definir suas vidas), se opõe a leis que reconheçam direitos a uniões não-matrinonializadas (querendo impor sua visão, dificultando juridicamente a vida dessas pessoas, em clara discriminação jurídica) etc. Não é preciso ir muito longe para constatar isso. Não digo que ela tenha feito coisas boas à humanidade, mas também fez muitas coisas más, o que prova que religiosidade não é sinônimo de justiça e bom senso; (iii) essa sua opinião sobre homossexuais estarem supostamente se desrespeitando é uma opinião sua (de sua igreja etc), pautada em fé religiosa que não se pode impor àqueles que com ela não concordam. Homossexuais que com isto não concordam devem ser respeitados. Querer impor uma concepção de mundo que se acha correta a outros que não a consideram é totalitarismo; (iv) sobre o decálogo de Lênin, trouxe o link justamente para todos verificarem tudo – e citei apenas os que considerei descabidos. E nada de errado há na 'liberdade sexual': errada está uma ditadura sobre que moral sexual as pessoas deveriam ter, já que estas devem ter o direito de agir da forma como melhor lhes convenha desde que não prejudiquem terceiros (v) aceito os conceitos de 'pecado', 'alma' e 'Deus Amor e Justiça', só que evidentemente não no conceito católico e também não no mesmo entendimento que você quanto ao que configuraria 'pecado' a afronta à moralidade divina em termos de amor; (vi) Jung está ultrapassado neste tema. Suas considerações sobre a homossexualidade nunca foram provadas. Se ele participasse do debate, falaria a ele que ele deveria ter aprendido o teor das críticas à teoria empírica do conhecimento, no sentido de que não se criam verdades universais a partir de casos particulares, partindo do pressuposto que ele tenha criado suas teses a partir de casos clínicos (se tiver sido o caso, ele terá confundido efeito com causa...); (vii) concordo que a verdade é indestrutível, ocorre que cada um de nós acredita que a verdade está a seu lado. A mentira um dia sempre cai – e respeitosamente digo que a mentira (ou, no caso dos de boa-fé, o equívoco) da suposta menor dignidade das uniões homoafetivas em relação às heteroafetivas também eventualmente cairá. Termino agradecendo novamente pela cordialidade."

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