Assim na Terra como no Céu

23/4/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"No último dia 18, um dos advogados do pai e da madrasta da menina Isabella admoestou a população: 'Não julguem para não serem julgados'. Em Mateus c.7 v.1 encontramos: 'Não julgueis para não serdes julgados, porque da mesma forma com que julgardes, também vós sereis julgados, e com a medida com que tiveres medido, também vós sereis medido'. E, em João 7.24: 'Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça'. Tudo muito bíblico. Mas, muito tardio, também, principalmente depois da desastrada entrevista do pai e da madrasta no 'Fantástico' de domingo, ao mesmo tempo em que corriam as notícias de que o cirurgião Farah, assim como o jornalista Pimenta Neves, não obstante os hediondos crimes praticados, ficam em liberdade, aguardando, aguardando e aguardando, sabe-se lá o que mais. O que está acontecendo é que nada mais está acontecendo com a justiça, seja a da terra, seja a dos céus. Todos nós fomos educados com certos princípios, dentre os quais os de que a justiça chega e pune os criminosos. Mas, há muito tempo, não é mais isso o que se vê. Justiça é uma palavra que, infelizmente, só aparece nos noticiários policiais, quando os familiares de um pobre diz: 'eu quero justiça'. E não sabe que não é para ele. O que se vê são recursos e mais recursos, que protela e procrastinam, e todo mundo aguarda em liberdade, menos quem furta um xampu, é claro. Daí, sobrava a Justiça Divina, também muito invocada, à falta da terrena, da qual se espera pouco. Mas, também essa tem ficado, como se dizia antigamente, para as calendas, já que os criminosos invocam Deus como sua principal testemunha, e nada acontece, ainda que Seu nome tenha sido invocado em vão, coisa que, em tempos idos, dava um castigo bravo. Em outras palavras, assim na terra, como no céu, tudo tem acontecido da mesma maneira. Muito se espera e pouco acontece. Muito se pede e pouco se recebe. Por isso, creio, essa tão grande desesperança, não só na justiça dos homens, como na Divina. As leis não 'pegam' mais. E as justiças, tanto a de lá, como a de cá, afinal, tardam... e falham."

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