Operação Santa Teresa

25/4/2008
Marcellus Glaucus Gerassi Parente - GARBO Consulting - Consultoria Empresarial

"Estamos diante de mais um caso aonde, antes de mais nada, a mídia, expressa omissão intencional - não divulga o que deve ser divulgado -, e ou extrapola noticiando até mesmo o que não existe, sempre em nome dos índices de audiência, pura e simplesmente (Migalhas 1.886 – 25/4/08 – "Santa Teresa" – clique aqui). Mas até aí seria a mídia, lê quem quer, analisa quem pode, decide se continua ou não leitor que tem capacidade para tanto. O ignóbil ao caso em tela, e em mais uma oportunidade a PF se fazer valer das características da mídia para embasar suas operações, atropelando os ordenamentos jurídicos ao qual se encontra afeta. Primeiro, como divulgado, estavam fazendo investigação acerca de caso de prostituição, com autorização de escuta telefônica emanado pela 2ª Vara Federal Criminal Capital/SP, que em tese, seria especializada em lavagem de dinheiro?! Bem, como podemos falar em lavagem, de dinheiro, investindo eventual dinheiro ilícito em atividade igualmente ilícita?! E se a investigação se dava acerca de prostituição, por que em uma Vara especializada em crimes financeiros?! Estariam os proprietários do 'rendez – vouz' fazendo IPO de suas atividades alicerçados em auditorias forjadas, por exemplo?! No meio da investigação, com escuta telefônica autorizada pela justiça, se descobre o nome do causídico Ricardo Tosto, que antes de ser patrono do cidadão Paulo Maluf, é indicado como titular de um das quatro mais influentes bancas de São Paulo, segundo o hebdomadário Veja SP - os demais seriam Demarest e Almeida; Tozzini Freire; Machado Meyer e Pinheiro Neto - como eventualmente inserido como partícipe do 'esquema de lavagem de dinheiro obtido no BNDES em investimento em um prostíbulo'. Pronto, se fez a amálgama perfeita: eventual desvio de dinheiro do BNDES; eventual investimento em prostíbulo; eventual envolvimento de pessoa de notoriedade; eventual envolvimento de advogado com notoriedade, sana da PF por publicidade barata, arruinando a vida de pessoas então somente investigadas, expondo não só o profissional de direito, mas principalmente toda a classe da advocacia ao escárnio público!? Já vimos este filme anteriormente, e infelizmente, a OAB nada fez. Nos traz à memória aquela antiga estória: no primeiro dia, pisaram em seu gramado, e nada fizeste; no segundo dia, adentraram sua varanda, e nada fizeste, no terceiro dia entraram em sua casa, e nada fizeste, finalmente, no quarto dia, lhe expulsaram de sua casa e nada mais podes fazer. Respondendo ao comentarista Bertolão, muitas, para não se falar todas as operações desencadeadas pela PF nos últimos quatro anos, foram revisadas pelo Poder Judiciário, em muitos casos somente no STF, mas fora re-estabelecido a ordem judicial e natural dos fatos. Devemos estar atentos, a OAB sair do discurso e partir para a efetiva prática, com a defesa das prerrogativas inseridas no Estatuto, que é Lei Federal e afeta a todos os pátrias. A mídia, dar a cobertura isenta de emoções e ou conveniências outra$, mas arregimentada em informações, não só jornalísticas, mas igualmente de cunho técnico. Devemos afastar de nossas vidas as intenções fascitas destas operações pirotécnicas e espetaculosas, para podermos realmente vivermos em um Estado Democrático de Direito. Rogo a Deus que a PF não esteja pretendendo desmoralizar o hebdomadário Veja/SP na matéria pela mesma vinculada dando conta das grandes bancas de advocacia. Se faz premente a indicação de trecho do discurso do poeta argentino Juan Gelman, proferido à data de 23 de abril de 2008, na festa de premiação e recebimento do prêmio Cervantes, na Espanha: 'Dizem que não há que remover o passado, que não há que ter olhos na nuca, que é preciso olhar para a frente e não escarnaçar-se em abrir velhas feridas (...) As feridas não estão fechadas. Latejam no subsolo da sociedade como um câncer sem sossego. Seu único tratamento é a verdade. E, em seguida, a justiça. Só assim é possível o olvido verdadeiro'."

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