Circus

29/4/2008
Mano Meira – migalheiro de Carazinho/RS

"O artigo Circus abordou a nova reforma da língua portuguesa com pitada cômica, envolvendo as diferenças usuais dos significados das palavras cá e lá (Circus 85 - 25/4/08 – "LUSOGRAFIA" - clique aqui). Justificam a reforma com a simplificação e unificação para uma forma mais prática de escrever. Acho que vai complicar até a gente se acostumar, principalmente para quem como eu ainda não está bem vaqueano no manejo das palavras. Mas a final, gostei da matéria, e ao ler o inteligente comentário do companheiro de migalhas Francimar, vi que o Dicionário de 'Porto-Alegrês', do prof. Luís Augusto Fischer, veio em boa hora, já que alguém se dedicou ao estudo dessa linguagem, pois como gaúcho do interior, há muito tenho notado que o porto-alegrense possui uma maneira peculiar de se expressar que é inconfundível, difere até das regiões interioranas do seu próprio estado, dá até para se dizer que é maneira bem estranha a do gaúcho interiorano, não se confunde com o palavreado a rigor do gaúcho. De sorte que os artistas esteriotipados de gaúchos em programas de piadas e outros pelo Brasil a fora, adotaram essa maneira de se expressar colhida lá mesmo, no Portinho, pra ciúmes de nós aqui de cima da serra, fronteira ou outra banda do Rio Grande, onde nossos radialistas tentam copiar sem muita fidelidade. Isso ainda me faz lembrar um artista que saiu de Porto Alegre e foi trabalhar na Globo num programa do famoso Chico Anísio, onde fazia o personagem do Magro do Bonfa. Bonfa, creio, era alusivo ao Bairro Bom Fim na capital Gaúcha, ele imitava bem o falar do porto-alegrense. Quando nas festividades galponeiras, vamos entoar o hino nacional e em vez de chamarem o pessoal da banda, colocam um CD cantado para a gente acompanhar no gogó, o cantor do CD, se não for brasileiro lá do centro é algum porto-alegrense, por isso canta trocando o 'de' por 'di' e o 'L' no final das palavras é 'iu', Brasil é Brasiu e a indiada firma o illl! E quando vem o hino Riograndense, aí é que complica, no trecho do Vinti di Setembro, a indiada firme no compasso lasca o Vinte de Setembrooo! Por isso tudo, tem razão o mestre Adauto quando menciona que existe o Gauchês e tem razão companheiro de migalhas Francimar quando nos traz à baila o Porto-Alegrês."

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