Isabella

12/5/2008
Marcelo de Melo Fernandes – advogado do escritório Locatelli & Santana Advogados Associados

"Há dois pontos que merecem destaque nessa verdadeira 'novela policial' do caso Isabela. O primeiro é a polícia fingir que é séria e que conta, indiscriminadamente, com os mais avançados meios tecnológicos para a resolução de crimes. Será que eles são realmente usados no cotidiano policial? Nesse ponto convém lembrar que sequer 10% dos crimes contra a vida são esclarecidos, e que o uso de luminol e demais exames periciais complexos só são usados quando há clamor popular, ou, principalmente, quando a vítima era alguém de expressão social (vide PC Farias, Coronel Ubiratã... quem lembra de outro?). A grande maioria dos homicídios sequer é investigada de forma elementar, caso contrário muitos outros homicídios seriam solucionados com a devida condenação do autor. A situação é a seguinte, a polícia finge que é séria enquanto o povo finge acreditar que temos uma polícia realmente séria. Sem qualquer antecipação do julgamento, em total observância da presunção constitucional da inocência, onde estão as supostas 'entidades de proteção aos direitos humanos'? Por que ainda não se pronunciaram em relação à vítima? Vão esperar os culpados/autores sejam vítimas de alguma barbárie para se pronunciar? Por que não fazem isso em relação à garotinha brutalmente assassinada? A vítima, diga-se de passagem, passou a ser o mero título do 'Caso Isabela', pois hoje em dia a imprensa preocupa-se apenas em obter qualquer imagem dos assassinos? Como se observa, em nosso país tudo ocorre quando melhor convém, e não no momento que as atitudes se fazem realmente necessárias."

Envie sua Migalha