Isabella

13/5/2008
Luiz Garcia - advogado e jornalista em Brasília/DF

"Há quem insista em favorecer sempre à maldita consagração da impunidade triunfante neste país, buscando, no delírio do tecnicismo ambíguo, pela deletéria multivalência de servir ele tanto ao bem quanto ao mal, e fazer, com essa prolixidade velhaca, o escarnecimento e gozação das ofensas e do assassinato de uma criança, e da mágoa e sofrimento imensos de seus próximos, conferindo ao lero-lero da discurseira farsante e mercenária o galardão de vir a ser o brado prestigiador do criminoso, num Brasil em que a justiça esclerosou-se pela invencível morosidade forense e tornou-se enferma crônica do relativismo ético, abrindo espaço ao êxito premiativo da conversa fiada de teorias estéreis, que se tornaram o penhor seguro do sucesso dos meliantes e crapulosos, e a absolvição sistemática de assassinos bestiais e, ao inverso, da degradação da vítima, tanto pelo silêncio com que a reveste o incondicional histrionismo da ordinária defesa do pérfido homicida, quanto pelo deboche com que os falastrões do direito decadente insultam e incriminam a vítima da morte que lhe infligiu o homicida covarde e desprezível, já que é usual, na zombaria dessa ignóbil defesa dizer que teve ela, a vítima, a culpa do atrevimento de estar no lugar errado e na hora errada. Então, condenem a criança Isabella!"

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