Ruy

"Aquela grande discussão, que ocupou semanas nas páginas de Migalhas, está próxima do fim, já que não tinha mesmo nenhum sentido. Portugal aprovou o acordo que unifica a ortografia em todos os países de língua portuguesa que, inclui o aumento de 23 para 26 letras do alfabeto, acrescentando, definitiva e oficialmente, as letras 'k', 'w' e 'y'. Ruy Barbosa poderá, afinal, repousar em paz, recebendo de volta o nome escolhido por seus progenitores, que consta de sua certidão de nascimento e de batismo e com o qual assinou, sempre, seus memoráveis escritos, e que foi, miseravelmente alterado, posteriormente. Ruy, que já espera há algum tempo, só voltará à paz em 2009, quando entrar em vigor o Acordo no Brasil, que depende, ainda, da assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Ministério da Educação enviará ao presidente, nos próximos dias, a minuta do decreto com essa previsão. Lula, espera-se, não se furtará a assinar, até porque, como se sabe, a língua portuguesa nunca foi alvo de grande preocupação de sua parte. E, mais ainda, parece que, de acordo com as novas regras, 'nóis' não vai mais necessitar de acento agudo, o que será algo a menos a aborrecer o presidente. Mas, o que importa é que, salvo em Timor-Leste, que aderiu em 2002, mas ainda não ratificou, assim como na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, Rui ainda que do túmulo, continuará sendo Rui. Mas no Brasil, que é o que nos interessa, Ruy é Ruy, como sempre foi, e nunca deveria ter deixado de ser, até por respeito a um dos mais importantes filhos desta terra, cujo nome deveria ser reverenciado e 'imexível'."