Circus

27/10/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. diretor, li em Migalhas na sempre excelente mensagem dr. Adauto Suannes, o seguinte:

'Quando estávamos na Faculdade e os professores gostavam de esnobar-nos com citações latinas envolvendo Tício e Mélvio, se dizia que a justiça consiste em 'suum cuique tribuere', 'dar a cada um o que é seu'. Eis a contradição evidente : se já é meu, por que alguém haveria de dar-me ? Não seria melhor dizer 'assegurar a cada um aquilo que deve ser seu'? E como ficaria isso na língua do Calígula ? Sei lá, meu latim foi-se com os meus cabelos pelo ralo do box do banheiro.' (Circus 109 - 24/10/2008 - Justiça - clique aqui)

Lembrei-me então da excelente mensagem à Migalhas, recentemente, de meu ex-colega de Faculdade, da PUC, onde nos formamos em português, latim e grego clássico, há 47 anos (como os anos são enexoráveis): o Prof. Dr. Geraldo Lásaro de Campos, onde ele diz que ministrou aulas de latim em diversas Faculdades, cuja versão acima (assegurar a cada um aquilo que deve ser seu) seria fácil, haja vista que quando tenho dúvidas, em leis, português, latim e grego clássico, e não são poucas (confesso), dirijo-me a ele que as desfaz. Enfim, por que lembrei-me dele? Sucede que venho insistindo para que o Congresso e o Senado e a OAB tenham órgãos de juristas-etimólogos-hermeneutas, a fim de verificarem em sentenças e acórdãos, os erros; e não só neles, mas até nas proposituras de inserções, sugeridas de parte do judiciário, em leis, visando facilitar-lhe o trabalho, impedindo a subida de recursos e, sem dúvida, o Dr. Geraldo estaria plenamente apto a ser um componente daqueles órgãos, ele, que se acha, hoje, em Marília, provavelmente aposentado. Há algum tempo atrás, sugeri a Dra. Esther de Figueiredo do Ferraz e o Dr. José Cretella Junior, ambos então,aposentados. Infelizmente a Dra Esther faleceu. Refiro-me àqueles aposentados pela sua cultura jurídica, que muito poderiam acrescer às nossas leis e principalmente à Justiça que todos nós almejamos venhamos a ter, um dia, tão frágil ainda hoje. Quanto ao currículo dele, eu devo confessar que poucos possuem sua cultura humanística; e meus Colegas da PUC, daquela época e eu, não teríamos passado em língua grega, com o famoso e temível Professor Pe. Laga, se ele, graciosamente, não se propusesse a dar-nos aulas na Igreja Imaculada, durante anos, onde era Frei. Basta dizer que de 40 alunos, formamo-nos só 8 (oito). Ele se formou também,pelos idos de 1960 em Direito na PUC. Com pleno assentimento, deixou o clero e constituiu família, em Marília, onde reside hoje. Sem dúvida, pessoas como eles, aposentados, com toda cultura que possuem e poderiam transmiti-la, num País de tão pouca cultura, obviamente fazem falta, e não poderíamos prescindir deles. É preciso raciocinar que muitos procuram nas carreiras, principalmente políticas, maneiras de serem bem remunerados, enquanto outros visam, subjetivamente, somente a aquisição de cultura; mas, neste País, estes são relegados, a salários insuficientes, embora prestem concursos para difíceis carreiras universitárias, tais como professores de faculdades. É preciso rever isso e verificar o porquê das anomalias de vermos carreiras tão bem remuneradas politicamente, como as do Judiciário, que, sem dúvida, são devidas a um trabalho político de troca-trocas, de quem lava as mãos,lava também o rosto, se me faço entender. Atenciosamente,"

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