Migalhas do Machado de Assis

3/12/2008
Sérgio Roxo da Fonseca - advogado, Procurador de Justiça aposentado do MP/SP

"Migalhas do Machado de Assis. Faz tanto tempo que li Dom Casmurro (mais de uma vez) e Memórias Póstumas que, por vezes, não sei bem se os textos não se entretecem em minha memória já um tanto fatigada, confundindo-me, confundindo meus interlocutores. Num desses livros li a frase que segue e que guardei de memória: 'Nós matamos o tempo e ele nos enterra'. Paradoxalmente a frase é negada pela obra do nosso grande escritor. O tempo realmente levou Machado de Assis como pessoa humana, mas não enterrou a sua obra e nem muito menos a sua memória. Muitas coisas são assim: ultrapassam a história de seu criador, como no caso. Passam a ter história própria.  Essas palavras são escritas para devolver a vocês a emoção que senti ao receber as Migalhas do velho Machado, o escritor do Cosme Velho. Gostaria de conversar com ele com o mesmo sentimento que leio as suas palavras gravadas em letra de forma. Migalhas? Com certeza que sim. Aquelas migalhas que vão se construindo e reconstruindo na memória das gentes como se delas fizessem parte desde antes do seu nascimento, perdurando mesmo após a data na qual o primeiro verme passará a roer suas carnes frias (Memórias Póstumas). Migalhas? É isso mesmo. As minhas letras esmigalhadas foram se espargindo pelos seus canais de tal forma que até mesmo meu amigo e colega dr. Jorge Salluh, que não via desde dezembro de 1963, lá da tão brava e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, localizou-me para dizer-me bom dia. Bom dia, digo eu a todos os da casa como os de fora dela. Muito obrigado. Feliz Natal. Que não falte na mesa de ninguém um pedaço de queijo para comer com goiabada, com os lábios irradiando muita felicidade."

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