Qual era o uniforme que você vestiu ?

13/11/2009
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"É muito interessante o fato de que, instados os leitores, um grande número se interessou em escrever a respeito: sobre o uniforme escolar que vestiram nos tempos idos. Algum problema? Nenhum. Não me recordo de algum colega ter reclamado da obrigação de usar uniforme. No jardim de infância, tínhamos a calça curta azul marinho e a camisa branca. Creio que usávamos suspensórios também (a conferir). No primário, liberdade de vestimenta, mas a calça encompridou: calças compridas e camisa. Assim também no ginásio onde cumpri minhas obrigações por quatro anos. Nessa época meu irmão Caio, três anos mais velho, durante o ginasial frequentava o Instituto de Educação Fernão Dias Pais, em Pinheiros. Ele usava aquele uniforme caqui, parecendo roupa militar. O Diretor era o Professor Alfredo Gomes. E a regra era, antes de entrar na sala de aula, reunir todos os alunos no pátio para cantar o Hino Nacional em respeito à bandeira brasileira que então era hasteada. Isso todos os dias. Já no colegial, o Instituto obrigava o uso de um uniforme mais adulto: sapatos e meias pretos, calça cinza, camisa branca, paletó azul e gravata amarela. Esse período que eu cumpri em quatro e não apenas os três obrigatórios entendo que foi a preparação para a frequência na Faculdade de Direito da USP, inclusive para prestar o vestibular (então realizado pela própria Faculdade). Na primeira prova escrita, um dos vestibulandos esquecera de colocar a gravata. A falta de gravata foi ocultada com um cachecol de lã. Imaginem! Em pleno verão de fevereiro ter a falta da gravata oculta dessa forma... Na classe, a prova foi fiscalizada pelo Professor Silvio Rodrigues que deve ter notado o artifício do vestibulando pois fez uma incisiva preleção sobre o comportamento e os trajes do advogado, inclusive do estudante universitário para se apresentar às aulas. Portanto, frequentar a faculdade, o traje exigido (isso mesmo, exigido) era o mesmo que seria utilizado para frequentar o Fórum e apresentar-se perante o juiz para despachar uma petição. Reclamações? Não me recordo de nenhuma; não me consta que tenha havido reclamações. A propósito, até que fosse expressamente liberado, as mulheres não podiam entrar no Fórum de calças compridas. Evidentemente, Mary Quant conseguiu quebrar o rigor dos costumes da indumentária. Mas as novas tendências ou evolução dos costumes não gera o direito de andar nu, ou semi-nu, pelos corredores de edifícios públicos, como, parece, chegou a ser proposto como direito de. Para esse procedimento existem os clubes de nudismo. Às regras, sobretudo as sociais, é costume se adaptar. Rebeldia com causa, sim, mas para exercício no local adequado."

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