Latinório

Abrindo o verbo...ou a gramática?

Em nova oportunidade, o colunista esclarece mais dúvidas sobre os verbos depoentes.

24/7/2012

Outro dia, estendendo-me sobre furúnculos e ladrõezinhos, fiz a promessa de que voltaria a falar – mais e melhor – dos verbos depoentes.

Vejo, porém, necessário buscarmos na gramática latina algumas noções sobre verbos em geral, valendo-me, para tanto, da Gramática Latina Ragon, Editora do Brasil, 3ª ed., pág. 66 e seguintes.

Os verbos exprimem o estado ou a ação e têm as vozes, os tempos e os modos. Três são as vozes: ativa, passiva e voz depoente. Dispenso-me de explicar que os verbos ativos podem ser transitivos diretos (exigem o objeto no acusativo), indiretos (dativo). Intransitivos: não têm objeto. Enquanto nos ativos o sujeito faz a ação, nos passivos, ele a sofre. Já se nota que somente os transitivos podem ter voz passiva. Semelhante ao Português.

Depoentes são aqueles verbos que, embora conservando a forma passiva, depuseram a significação desta, para assumir a ativa. Alguns são transitivos (imitor = eu imito) e a maioria, intransitivos (morior = eu morro). Da forma ativa, os depoentes conservaram o particípio presente, o particípio futuro, o gerúndio e o supino. O particípio passado tem sentido ativo: imitatus = tendo imitado. Já o adjetivo verbal (ou gerundivo) tem o sentido passivo: imitandus = que deve (devendo) ser imitado. Observe-se que este só se encontra nos verbos de sentido transitivo. Os depoentes, na sua maioria, seguem a primeira conjugação. Uns poucos, as demais.

Faltam-me tempo e espaço, no momento.

Em outra oportunidade, direi mais alguma coisa sobre as vozes, os tempos e os modos verbais. Sempre há algo a esclarecer. Mas, quis leget haec? (Quem lerá isto?), como indagaria a sátira de Pérsio.

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Colunista

Silvio Teixeira Moreira foi desembargador do TJ/RJ, ex-promotor de Justiça do MP/SP, ex-professor de Latim e advogado criminal.