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Em defesa do Supremo

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Atualizado às 09:42

A mídia tem sido responsável por várias distorções nesse tormentoso problema político que enfrentamos. Como o que nos interessa é o ponto de vista jurídico, fiquemos adstritos a ele. Pois bem, o Estadão de ontem dizia que os "ministros do STF começam a questionar Dilma". A excelente jornalista Beatriz Bulla - amiga desta Redação, e que assina o texto - deve ter suas fontes, embora nos pareça que a epígrafe é generalizadora ao extremo e o conteúdo seja impreciso. Além disso, há uma farpa lançada ao final que nos motiva a comentar. Vejamos.

Conta-nos ela que "quem mantém o contraponto às vozes críticas ao governo é Marco Aurélio Mello". Evidentemente que a informação está equivocada. Mas infelizmente isso tem sido repetido aqui e ali. E não só ao ministro Marco Aurélio, mas a todos os onze ministros, cada um de um jeito. A tachação e rotulagem é feita gostosamente pelos jornais e pelas mídias sociais. Mas quem conhece o ministro Marco Aurélio, por exemplo, está a rir quando o querem carimbar de defensor do governo.

O ministro tem uma postura legalista e liberal. Nos últimos 25 anos no STF não saiu nem uma única vez dessa linha. É de uma coerência invejável. Por isso, quando o ministro diz qualquer coisa, é seu escólio natural que está a falar. Se agrada um e desagrada outro, é circunstância que certamente não lhe interessa, pois como S. Exa. não se cansa de afirmar, processo, para ele, não tem capa. Ademais, o ministro Marco Aurélio, para gáudio da comunidade jurídica, tem como musa, além de sua esposa querida, Dra. Sandra, a Carta Magna de 1988.

Por essas e outras, é chegada a hora de pararmos de procurar tomada em focinho de porco, de buscar ideologias esconsas nas decisões dos ministros, ou de querer rotulá-los como CG (contra o golpe) ou FI (a favor do impeachment). Nesse sentido, ao se dizer, alhures, que a alternativa que se apresenta é péssima, não se está querendo dizer que concorda com o que aí está. Ou seja, uma coisa não anula a outra. E os ministros, guardiões da Constituição Federal, devem ser mais respeitados e preservados por uma sociedade que quer que a lei e a Justiça se mantenham intactas.

Causa própria

A explicação acima se dá também porque nós aqui somos vítimas do mesmo mal. De fato, ao fazermos um comentário qualquer, logo viramos CG ou FI. Deixemos claro, para acabar com esse assunto : nós aqui não temos este ou aquele viés, e nem nos compete ter. Se esperam essa ou aquela posição de Migalhas, estão lendo o informativo errado. De outra parte, não nos quedaremos sempre que acharmos que a legalidade está sendo violada. E falamos isso porque, hoje em dia, não raro há os que aceitam alguns excessos em prol de um bem qualquer que imaginam no futuro. Ou seja, para estes os fins justificam os meios. Se essa lógica vencer, o porvir nos mostrará quão torto caminho trilhamos.