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O modelo home office, jornada de trabalho, ética, Tinder e a pandemia

O modelo home office, jornada de trabalho, ética, Tinder e a Pandemia.

24/7/2020

Texto de autoria de Coriolano Aurélio de Almeida Camargo Santos

Fidelidade e amor não se cobra do outro.

O Tinder testa chamada de vídeo no Brasil e em outros países. Tinder é um aplicativo de relacionamento para Android e iPhone (iOS), que combina pessoas a partir de um "match" — nome dado pela plataforma para quando ocorrer interesse mútuo entre dois usuários. O Tinder permite conhecer pessoas de todos os locais do mundo para possíveis novas paqueras ou amizades1.

 

O Tinder nasceu em 2012 com o objetivo de ser algo como um "encontro às cegas". Pouco tempo depois de sua criação, em 2013, já conquistava destaque no nicho de apps de relacionamento. Em 2014, a plataforma já somava mais de um bilhão de "clicks" por dia.

 

De acordo com a empresa, já foram computados mais de 9 bilhões de "matches" na história do Tinder, com uma média de 1,4 bilhões de interações (likes e dislikes) por dia.

 

Na esfera judicial no Brasil, terceiro país no mundo com o maior número de usuários na plataforma, ele também se tornou o preferido para relacionamentos extraconjugais gerando separações, brigas, rompimentos e divórcio. Agora com a pandemia o número de usuários aumentou muito e por consequência caso a que se tornam histórias policiais e disputas judiciais. Pessoas expõe fotos íntimas e muitas vezes são chantageadas. A famossa "sextorsion" traduzido do inglês-Sextorção é um tipo de pornografia de vingança que emprega formas não-físicas de coerção para extorquir favores sexuais e materiais da vítima ou alguma vantagem indevida.

 

Uma pesquisa realizada pelo portal Ashley Madison, especializado em encontros fora do casamento revelou que aqueles que não traíram na primeira relação alegam que esta foi a causa do fracasso do relacionamento. De acordo com dados do site de traição, milhares de casais adotaram a "pulada de cerca" como solução para manter o casamento intacto2.

 

Entre os usuários do portal, 54% dos homens e 48% das mulheres dizem que a presença de um amante melhora o relacionamento com o parceiro.

 

Curiosamente, 76% dos homens e 84% das mulheres alegaram fidelidade no primeiro casamento e apontam esta como parte do fracasso da relação. Foram entrevistados para o levantamento 11.632 usuários dos 46 países em que o Ashley Madison atua. (2)

 

Com a evolução destes Portais surgiram os "especialistas youtubers" experts em relacionamento, prometem auxiliar a prática do ato com "segurança".

 

Aqueles que traem têm aquela sensação de que não são traídos. Pesquisas revelam que atualmente é um fato, a mulher se libertou e trai mais que os homens.

 

De acordo com uma pesquisa do Ashley Madison, as mulheres começam seus affaires mais rapidamente do que os homens. Dezesseis por cento das mulheres levam menos de um mês para seguir adiante com um caso físico, enquanto apenas 11% dos homens persistem em sua busca no mesmo período3.

O portal de traição responsável pelo levantamento trata-se da primeira comunidade feita especialmente para pessoas casadas que desejam encontrar parceiros para viver uma aventura extraconjugal totalmente sigilosa. A pandemia aumentou a busca por esse tipo de aplicativo ou portal.

 

Outro muito famoso no Brasil é o "extraconjugais". Na pandemia o número de usuários quase triplicou. O motivo é o estranhamento e insatisfações, dores e aflições com a presença constante do parceiro oficial.

 

Muitas pessoas ainda têm reclamado que com a quarentena ficaram quase malucos de saudade do parceiro ou parceira extraoficial.

 

Somos complexos e as informações que trago estão longe de querer apontar o certo ou errado, cada um toca sua vida como quer. O problema é a dor causada no parceiro ou parceira e as consequências de toda a ordem podem dar ensejo à uma reparação por danos morais. Por isso a mediação (on-line) , conciliação e as técnicas para a melhor solução dos conflitos. Essa semana participei de um Caso de mediação pelo zoom, sendo que nesta primeira audiência é feita somente o reestabelecimento do diálogo com as partes e uma melhoria da comunicação entre os advogados. A Câmara informa ao juiz se as partes tem interesse da continuidade da mediação ou se continuam o litígio.

 

No universo da pandemia e da pós-pandemia, uso da inteligência artificial, jornadas digitais mais objetivas e fluidas e métodos de otimização serão vitais para o exercício do home office e a real necessidade de tarefas presenciais.

 

Esse conjunto gera jornadas mais ágeis e uma gama enorme de pessoas desempregadas ou sem função. O relacionamento virtual passa a ser uma opção para vencer a solidão e ter alguém para "desabafar", alguém que te ouça. O Tinder passa ser um foco de desatenção aquele que deveria estar trabalhando. Trabalho em casa exige ainda mais disciplina.

 

O Bradesco já havia desenvolvido essa dinâmica híbrida de trabalho nos últimos anos. Eu me utilizo dela desde 1988 quando iniciei minhas funções como diretor jurídico Executivo da Rolamentos FAG, uma CIA na época completava 118 anos. Vencemos o tradicional e optamos de forma visionária para o que realmente funcionava.Tudo exige força, conduta ética em relação há administração do tempo e muito investimento em treinamento. Aqueles que estavam preparados saíram na frente.

 

Você pode estar sendo vítima de um estelionato sentimental ou de um crime cibernético. A IBM aponta que com a pandemia trouxe um aumento de 14.000% nas tentativas de spam e phishing - mensagens recevidas se WhatsApp e SMS que fingem ser bancos.

"Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama"4.

 

A lealdade é algo raro. Se você encontrar, não troque por nada.

__________

1 Tinder testa chamada de vídeo no Brasil e em outros países.

2 Relacionamento extraconjugal é chave para um casamento de sucesso, revela portal de traição.

 

3 Estudo aponta que mulheres traem mais rápido do que homens: 'homens falam e mulheres agem' - iBahia.

4 Em "Água viva". Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

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Colunistas

Coriolano Aurélio de Almeida Camargo Santos é advogado e Presidente da Digital Law Academy. Ph.D., ocupa o cargo de Conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo (OAB/SP), com mandatos entre 2013-2018 e 2022-2024. É membro da Comissão Nacional de Inteligência Artificial do Conselho Federal da OAB. Foi convidado pela Mesa do Congresso Nacional para criar e coordenar a comissão de Juristas que promoveu a audiência pública sobre a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, realizada em 24 de maio de 2019. Possui destacada carreira acadêmica, tendo atuado como professor convidado da Università Sapienza (Roma), IPBEJA (Portugal), Granada, Navarra e Universidade Complutense de Madrid (Espanha). Foi convidado pelo Supremo Tribunal Federal em duas ocasiões para discutir temas ligados ao Direito e à Tecnologia. Também atua como professor e coordenador do programa de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) da Escola Superior de Advocacia Nacional do Conselho Federal é o órgão máximo na estrutura da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Foi fundador e presidente da Comissão de Direito Digital e Compliance da OAB/SP (2005-2018). Atuou como Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo (2005-2021) e fundou a Comissão do Contencioso Administrativo Tributário da OAB/SP em 2014. Na área de arbitragem, é membro da Câmara Empresarial de Arbitragem da FECOMERCIO, OAB/SP e da Câmara Arbitral Internacional de Paris. Foi membro do Conselho Jurídico da FIESP (2011-2020) e diretor do Departamento Jurídico da mesma entidade (2015-2022). Atualmente desempenha o papel de Diretor Jurídico do DEJUR do CIESP. Foi coordenador do Grupo de Estudos de Direito Digital da FIESP (2015/2020). Foi convidado e atuou como pesquisador junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2010, para tratar da segurança física e digital de processos findos. Além disso, ocupou o cargo de Diretor Titular do Centro do Comércio da FECOMERCIO (2011-2017) e foi conselheiro do Conselho de Tecnologia da Informação e Comunicação da FECOMERCIO (2006-2010). Desde 2007, é membro do Conselho Superior de Direito da FecomercioSP. Atua como professor de pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie desde 2007, nos cursos de Direito e Tecnologia, tendo lecionado no curso de Direito Digital da Fundação Getúlio Vargas, IMPACTA Tecnologia e no MBA em Direito Eletrônico da EPD. Ainda coordenou e fundou o Programa de Pós-Graduação em Direito Digital e Compliance do Ibmec/Damásio. É Mestre em Direito na Sociedade da Informação pela FMU (2007) e Doutor em Direito pela FADISP (2014). Lecionou na Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região, Academia Nacional de Polícia Federal, Governo do Estado de São Paulo e Congresso Nacional, em eventos em parceria com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, INTERPOL e Conselho da Europa. Como parte de sua atuação internacional, é membro da International High Technology Crime Investigation Association (HTCIA) e integrou o Conselho Científico de Conferências de âmbito mundial (ICCyber), com o apoio e suporte da Diretoria Técnico-Científica do Departamento de Polícia Federal, Federal Bureau of Investigation (FBI/USA), Australian Federal Police (AFP) e Guarda Civil da Espanha. Além disso, foi professor convidado em instituições e empresas de grande porte, como Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), Banco Santander e Microsoft, bem como palestrou em eventos como Fenalaw/FGV.GRC-Meeting, entre outros. Foi professor colaborador da AMCHAM e SUCESU. Em sua atuação junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), apresentou uma coletânea de pareceres colaborativos à ação governamental, alcançando resultados significativos com a publicação de Convênios e Atos COTEPE voltados para a segurança e integração nacional do sistema tributário e tecnológico. Também é autor do primeiro Internet-Book da OAB/SP, que aborda temas de tributação, direito eletrônico e sociedade da informação, e é colunista em Direito Digital, Inovação e Proteção de Dados do Portal Migalhas, entre outros. Em sua atuação prática, destaca-se nas áreas do Direito Digital, Inovação, Proteção de Dados, Tributário e Empresarial, com experiência jurídica desde 1988.

Leila Chevtchuk, eleita por aclamação pelos ministros do TST integrou o Conselho Consultivo da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – ENAMAT. Em 2019 realizou visita técnico científica a INTERPOL em Lyon na França e EUROPOL em 2020 em Haia na Holanda. Desembargadora, desde 2010, foi Diretora da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região. Pela USP é especialista em transtornos mentais relacionados ao trabalho e em psicologia da saúde ocupacional. Formada em Direito pela USP. Pós-graduada pela Universidade de Lisboa, na área de Direito do Trabalho. Mestre em Relações do Trabalho pela PUC e doutorado na Universidade Autôno de Lisboa.