Gramatigalhas

Vimos... ou Viemos...?

Qual é a forma correta: "Vimos à sua presença" ou "Viemos à sua presença"?

22/7/2015

O leitor Sílvio Lengruber envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Ao iniciar um e-mail ou um texto qualquer, o correto seria: 'Vimos à sua presença', ou 'Viemos à sua presença'. Obrigado."

1) Um leitor indaga se o correto é "Vimos à sua presença", ou "Viemos à sua presença".

2) Vimos é presente do verbo vir, enquanto viemos é passado do mesmo verbo. Exs.:

I) "Vimos agora, nesta oportunidade, para manifestar nosso apoio";

II) "Viemos ontem, porque a audiência começa muito cedo".

3) Ora, porque vimos também é o passado do verbo ver, alguns tendem a evitar seu uso como presente de vir e acabam cometendo erros como o seguinte: "Viemos agora, nesta oportunidade, para manifestar nosso apoio".

4) Para Otelo Reis, "as pessoas menos cultas manifestam a tendência para dizer viemos em vez de vimos na primeira pessoa do plural do presente do indicativo".1

5) Tal falha de emprego da forma do pretérito perfeito pelo presente do indicativo, Júlio Nogueira a atribui à "falta de uso" da forma correta.2

6) Conta o anedotário político que Jânio Quadros – conhecido por seu vernáculo escorreito – quando prefeito de São Paulo, recebeu uma comissão de representantes de professores em greve. O líder deles se levantou e disse algo assim: "Senhor Prefeito, viemos aqui hoje para apresentar a Vossa Excelência nossa pauta de reivindicações". Antes que o representante continuasse, Jânio, também conhecido por seus repentes e rompantes, levantou-se de imediato e disse, saindo, para não mais voltar à reunião: "Vieram e não me encontraram!"

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1 Cf. REIS, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1971, p. 123.

2 Cf. NOGUEIRA, Júlio. O Exame de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1930, p. 201.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.