Gramatigalhas

Oficiar o ou Oficiar ao?

Oficiar o ou Oficiar ao? O Professor esclarece a dúvida.

11/5/2016

Um leitor envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Sr. Redator, na migalha "Armas", incomodou-me os ouvidos quando li que Alguém 'oficiou o general de Brigada' (Migalhas 2.662 - 1/7/11 – "Armas"). Não sou filólogo, nem professor de português, mas vejo com clareza o uso impróprio do artigo 'o', quando deveria ser usada a contração 'ao'. Assim: fulano 'oficiou ao general de Brigada'."

1) Um leitor viu em algum lugar que "Alguém oficiou o General de Brigada". Como essa construção lhe incomodou os ouvidos, indaga se o correto não seria "Alguém oficiou ao General de Brigada".

2) Ora, como é correntio e sem divergências entre os estudiosos da matéria, para a autoridade ou pessoa a quem se dirige um ofício, Francisco Fernandes, invocando exemplo de Euclides da Cunha, manda construir o complemento com a preposição a: "Oficiou de novo ao prelado".1

3) Celso Pedro Luft, também em mesma esteira, para o sentido de comunicar por ofício, preconiza a construção com a preposição a: "O secretário oficiou ao governador".2

4) Respondendo, então, de modo prático, ao leitor, pode-se dizer que lhe assiste integralmente razão em seu incômodo aos ouvidos, bastando conferir o acerto ou erronia dos exemplos por ele trazidos para análise: a) "Alguém oficiou o General de Brigada" (errado); b) "Alguém oficiou ao General de Brigada" (correto).

 

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1 FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed., 16. Reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo, 1971, p. 439.

2 LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 383.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.