Gramatigalhas

Vinte euros ou Vinte euro?

Vinte euros ou Vinte euro?

26/5/2021

O leitor Fábio Martellini envia à coluna Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Nas notas de euro, esta última palavra não concorda com o valor apresentado, estando escrito, por exemplo, 20 euro. Em português estaria correto escrever tanto 20 euros como 20 euro?"

1) Um leitor, verificando que as cédulas monetárias respectivas não apresentam o vocábulo euro no plural, indaga se, em português estaria correto escrever tanto 20 euros como 20 euro.

2) Em realidade, desde logo se diga que, entre nós, os nomes das moedas dos diversos países têm seus plurais representados com normalidade pelas normas gramaticais do Português: dólares (Estados Unidos), libras esterlinas (Reino Unido), francos (França, Suíça), marcos (Alemanha), ienes (Japão), rupias (Índia), rublos (Rússia).

3) Dessa regra não há como afastar o euro, de modo que seu plural (euros) deve ser normalmente empregado, quando a referência se fizer a mais de uma unidade. Em resposta direta à indagação do leitor: 20 euros, e não 20 euro, do mesmo modo que não se diria 20 dólar, 20 libra esterlina ou 20 franco.

4) Partindo da afirmação do leitor, quando diz que, nas cédulas respectivas, se inscreve 20 euro (e não 20 euros), tenta-se uma explicação. Em realidade, dentre os países que compõem a Zona do Euro, nem todos fazem o plural dos substantivos pelo acréscimo de s. Exemplo disso é o idioma italiano, em que o plural de bambino (menino) é bambini, enquanto o de bambina (menina) é bambine. Talvez por isso, para não melindrar qualquer dos quase trinta países integrantes da União Europeia, se tenha preferido deixar euro no singular. Mas isso é apenas uma tentativa de explicação. E o modo de proceder de outros países não influi na maneira de escrever e concordar do português.

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Colunista

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de Advogados.