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"O homem que roubou Portugal"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Atualizado em 26 de janeiro de 2009 07:22

"O homem que roubou Portugal"







Editora
: Jorge Zahar Editor
Autor: Murray Teigh Bloom
Páginas: 336






Trata-se de reportagem escrita por jornalista norte-americano, na década de 1960, em que relata a fabulosa história do golpe aplicado pelo português Alves Reis, que em fins de 1924 e início de 1925, a partir da contrafação de documentos e assinaturas de diretores do Banco de Portugal, contratou a impressão de milhares de cédulas de 500 escudos com a prestigiada Waterlow & Sons, a mais antiga firma de impressão de papel-moeda da Grã-Bretanha.

Fabricadas pela própria empresa responsável pela impressão das cédulas oficiais, as notas encomendadas por Alves Reis e seus comparsas (um holandês de identidades múltiplas, um alemão que havia sido espião na Primeira Guerra e dois outros portugueses desejosos de fortuna rápida) não seriam falsas. Ostentariam, isso sim, numeração duplicada - diante da incapacidade de desvendar como o Banco de Portugal elaborava a sequência de letras e números, o falsário valeu-se da escusa de que às notas duplicadas seria aposto o carimbo "Angola", já que o montante seria fabricado com o pretenso fim de incrementar aquela frágil economia colonial.

Com tais personagens e enredo - identidades secretas, amantes famosas, viagens internacionais, derramamento de dinheiro fabricado à vontade dos protagonistas - a leitura se faz como se fosse ficção: ao leitor impõe-se lembrar, a todo momento, que está diante de relato jornalístico, rigorosamente construído a partir de entrevistas e consultas a jornais e documentos da época.

E por falar em gênero narrativo, se boa parte do livro se desenrola como se tratasse de romance policial, o último capítulo torna-se história de tribunal. Nessas páginas encontram-se o registro tanto do julgamento de Alves Reis em Portugal como também dos três julgamentos que ocorreram perante os tribunais ingleses, que tiveram por objeto a ação reparatória proposta pelo Banco de Portugal em face da Waterlow & Sons.

É interessante notar que a má imagem que Portugal usufruía perante os outros países da Europa concorreu para que o caso se desse (a pouca seriedade do país justificaria a ausência de critérios rigorosos na confecção do seu dinheiro). No reverso da moeda, a derrocada que se abateu sobre a firma impressora inglesa após a descoberta da fraude. São duas imagens de danos causados pela quebra da confiança, base de todos os negócios jurídicos.


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