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A ilusão da estabilidade: Por que seu escritório está parado sem você perceber

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Atualizado em 2 de dezembro de 2025 13:22

A advocacia cria uma sensação perigosa: a impressão de que tudo está sob controle. Há clientes recorrentes, receita previsível, processos em andamento e uma rotina reconhecível. No dia a dia, isso parece segurança. Mas, estrategicamente, é uma armadilha.

O escritório acha que está estável.

Na verdade, está parado.

E a pior parte: parado enquanto o mercado se move.

A maior ameaça para um escritório não é a concorrência agressiva, nem a tecnologia, nem a mudança de comportamento dos clientes. A ameaça mais silenciosa e letal é acreditar que o mundo continua parecido com o que era há 5 anos.

O perigo da estabilidade confortável

A "estabilidade" que muitos sócios defendem é, na prática, atraso acumulado. Veja alguns sinais comuns:

  1. O escritório continua atendendo o mesmo tipo de cliente de sempre

Enquanto isso, concorrentes estão entrando em setores novos, criando produtos jurídicos e explorando áreas híbridas.

  1. As reuniões parecem produtivas, mas não geram mudança

Discussões longas, sem pauta, decisões pequenas e nenhuma transformação relevante ao final do trimestre.

  1. A tecnologia é usada apenas para sobreviver, não para evoluir

A automação entra lentamente, sempre com medo, como se fosse uma ameaça e não uma vantagem competitiva.

  1. O discurso evolui, a prática não

Fala-se muito de inovação, mas nada muda na cultura, no processo ou no posicionamento.

  1. A equipe cresce, mas a eficiência não

Mais pessoas, mais demanda, mais complexidade. Mas o resultado por profissional continua igual.

Esses sinais criam a impressão de que está tudo "funcionando".

Mas um escritório que não avança está recuando. Só não percebe

O mercado jurídico muda mais rápido do que o sócio imagina

Enquanto o escritório mantém a mesma receita e o mesmo fluxo de trabalho, o mundo jurídico passa por transformações profundas:

  • Clientes mais exigentes;
  • Competição ampliada e descentralizada;
  • IA acelerando o trabalho de equipes menores;
  • Setores entrelaçados mudando a demanda jurídica;
  • Novos modelos de negócio surgindo sem pedir permissão;
  • Jovens talentos buscando ambientes mais modernos e leves.

A mudança não é barulhenta.

Ela é constante, silenciosa e cumulativa.

E quando o sócio finalmente percebe, a diferença entre o escritório e o mercado já virou abismo.

Estagnação não é falta de movimento. É falta de direção.

A rotina jurídica cria movimento, mas não cria evolução.

Processos andam. Prazos vencem. A equipe atende. O financeiro recebe.

Tudo parece vivo.

Mas sem leitura estratégica, todo esforço vira giro. Não avanço.

Isso leva o escritório a um estado perigoso:

Trabalha como crescido. Evolui como iniciante.

O que tira o escritório da estagnação?

Existem três elementos que desmontam a ilusão de estabilidade e colocam o escritório em movimento real:

1. Sinais evidentes e inevidentes

Quando o sócio entende a Pestel, tendências, tecnologia, arenas competitivas e setores entrelaçados, ele percebe que o mundo está muito mais dinâmico do que a rotina sugere.

A consciência desperta.

A estabilidade cai.

2. Radar estratégico

Com o radar, o sócio deixa de olhar só para o que está urgente e começa a olhar para o que é importante.

Fica claro onde há risco, onde há oportunidade e onde a atenção está desalinhada.

O radar evidencia o que estava escondido.

3. Ambidestria e sprints de 90 dias

O escritório passa a dividir energia entre:

  • Futuro 1: Melhorar o agora
  • Futuro 2: Preparar o próximo período
  • Futuro 3: investigar o futuro

E cria ciclos trimestrais que garantem evolução contínua.

É isso que transforma estabilidade aparente em movimento estratégico real.

Por que poucos escritórios conseguem romper esse ciclo?

Porque exige coragem para admitir algo simples:

"O que funcionou até aqui não garante mais nada."

Muitos sócios preferem manter o controle do presente a abrir espaço para o futuro.

Mas o jogo da advocacia virou um jogo de percepção.

Quem enxerga antes, cresce.

Quem enxerga tarde, corre atrás.

O escritório que prospera não busca estabilidade

Busca clareza.

Estabilidade é confortável, mas enganosa.

Clareza é desconfortável no início, mas libertadora no longo prazo.

Sócios que querem crescer nos próximos anos precisam abandonar a convicção de que "está tudo bem".

E precisam adotar o hábito de perguntar, mês a mês:

O que mudou lá fora que eu ainda não considerei aqui dentro?

Quem busca essa resposta deixa de parar no tempo.

E começa a construir vantagem competitiva real.