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A inércia estratégica - Quando o escritório trabalha muito, mas evolui pouco

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Atualizado em 9 de dezembro de 2025 14:31

Muitos escritórios vivem uma contradição silenciosa: trabalham como gigantes, mas evoluem como iniciantes. Entregam peças impecáveis, atendem clientes importantes, mantêm uma equipe numerosa e uma agenda cheia. Mas, quando o sócio olha para os últimos anos, percebe que o escritório está praticamente no mesmo lugar.

Essa estagnação não vem por falta de esforço.

Vem por falta de avanço estratégico.

O escritório opera.

Executa.

Cumpre.

Entrega.

Mas não evolui.

A sensação é conhecida entre sócios:

"Trabalhamos muito, mas não saímos do lugar."

Esse é o retrato clássico da inércia estratégica.

O paradoxo da advocacia: Alta entrega, progresso baixo

O problema começa quando o escritório confunde movimento com evolução. Toda semana há urgências, demandas, prazos, reuniões, crises pontuais. O ritmo intenso cria a impressão de avanço, mas na prática só revela um sistema que gira sem direção.

Os sintomas são claros:

  1. O escritório segue resolvendo os mesmos problemas de sempre.

Confusões internas, gargalos, desalinhamento, falta de visibilidade financeira.

  1. O sócio sente que a equipe está sempre "correndo atrás".

Nunca há espaço para inovar, melhorar processos ou testar algo novo.

  1. As metas de longo prazo não saem do papel.

Planos, planos e mais planos. E pouca execução real.

  1. A operação cresce, mas a rentabilidade não acompanha.

Mais gente, mais custo, mais complexidade. O lucro não escala.

  1. A estratégia sempre fica para "quando sobrar tempo".

E esse tempo nunca aparece.

O escritório trabalha muito.

Mas não progride.

Por que isso acontece?

Porque a rotina jurídica suga toda a energia disponível.

E onde não há disciplina estratégica, a operação toma conta de tudo.

O sócio é empurrado para dentro dos problemas diários e perde capacidade de olhar para o tabuleiro como um todo. No curto prazo, isso parece inevitável.

No longo prazo, vira um atraso.

A inércia estratégica surge exatamente aí:

Quando a operação domina a agenda, e a estratégia vira um luxo.

Evoluir exige método, não força de vontade

Muitos sócios acreditam que precisam "organizar a vida" para então pensar a estratégia. Mas essa abordagem só reforça o ciclo da estagnação. A vida nunca vai organizar espaço livre suficiente. A operação sempre vai pedir mais.

A saída é outra:

A estratégia precisa entrar na rotina como sistema, não como evento.

É aqui que métodos como ambidestria e sprints de 90 dias fazem diferença.

Ambidestria: O antídoto contra a estagnação

A ambidestria ensina o escritório a operar em três horizontes simultâneos:

Futuro 1 - Melhorar o agora

Processos, produtividade, governança, finanças, operação e rotina da equipe.

Futuro 2 - Construir o próximo período

Novos serviços, reposicionamento, marketing estratégico, tecnologia aplicada.

Futuro 3 - Investigar o futuro

Tendências, setores híbridos, inovação, oportunidades de médio e longo prazo.

Sem F3, o escritório envelhece.

Sem F2, ele perde competitividade.

Sem F1, ele colapsa na operação.

A inércia estratégica existe porque o escritório passa 95% da energia no F1.

E isso mata o futuro.

Sprints de 90 dias: O ritmo que transforma intenção em avanço

O escritório não precisa de um plano anual complicado.

Precisa de ciclos trimestrais simples e executáveis.

O sprint deve trazer:

  • 3 objetivos estratégicos
  • 3 indicadores
  • 3 entregas-chave
  • reuniões de acompanhamento semanais
  • ajustes mensais
  • revisão ao final do trimestre

Esse formato impede que o escritório caia no velho hábito de planejar demais e executar de menos.

É simples.

É direto.

É eficiente.

E funciona para escritórios de todos os tamanhos.

Quando a estratégia vira hábito, o escritório avança de verdade

A inércia estratégica desaparece quando a estratégia deixa de depender da "boa vontade do sócio" e passa a ser parte do sistema.

Com radar, hipóteses, ambidestria e sprints, o escritório:

  • ganha clareza
  • melhora a execução
  • toma decisões melhores
  • aumenta a competitividade
  • desenvolve novas frentes de receita
  • reduz retrabalho
  • cria cultura de avanço contínuo

Progresso não é consequência de esforço.

É consequência de método.

Escritórios que evoluem não trabalham mais.

Trabalham melhor.

A advocacia dos próximos anos será marcada por movimento rápido, clientes exigentes e tecnologia mudando o padrão de entrega. Sócios que continuam presos à operação vão continuar correndo - e continuando no mesmo lugar.

Quem quer crescer precisa romper o ciclo da inércia.

E isso começa com uma decisão simples:

"Eu não vou mais deixar a operação dominar tudo."

A partir disso, o escritório troca movimento por direção.

E direção por evolução.