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Resoluções de ano novo

Quais são as suas resoluções para 2013? Perder peso e ir mais vezes ao teatro novamente estão inclusos na lista? E por que não nos inspirarmos na sabedoria infantil e excluirmos das listas de tarefas tudo o que não é absolutamente essencial para a felicidade?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Atualizado em 5 de dezembro de 2012 15:13

Chega o fim do ano e é sempre a mesma coisa: começamos a pensar na nossa lista de ano novo tão logo avistamos o primeiro panetone no supermercado, que por sinal aparece cada vez mais cedo. A lista é aquela mesma, você sabe, na qual invariavelmente incluímos promessas de perder peso e ir mais vezes ao teatro.

Profissionalmente, estamos bastante acostumados a ter nosso desempenho avaliado frente aos objetivos e métricas estabelecidos no início do ano. Aliás, por volta de setembro costumamos estar todos enlouquecidos preparando o orçamento do ano que vem - sempre mais magrinho - e revisando o cumprimento das metas do ano atual, de olho no bônus.

E seja qual for a periodicidade ou a complexidade das metas profissionais, costumamos sempre manter algum mecanismo de medição para podermos garantir que estamos "on track" e fazermos correções de rota, se necessário, para cumprir 100% os nossos objetivos.

Mas poucos são os que fazem o mesmo com a lista de resoluções do ano novo, as metas pessoais, e talvez seja por esta razão que é comum chegarem os últimos dias do ano e nós estarmos ao mesmo tempo cansados e com uma sensação de fracasso. Apesar de tudo o que fizemos, acabamos com a percepção de que não realizamos o que queríamos e havíamos prometido a nós mesmos ao estourar o primeiro champanhe e os primeiros fogos no Reveillon.

E mesmo sendo assim ano após ano, aposto que muitos já estão com a lista pronta ou sendo esboçada para o ano vindouro, com o mesmo número de itens ou até mais do que a do ano anterior, para compensar o que não foi cumprido.

Esta lista completa as outras listas que nos apavoram nesta época do ano: a lista de presentes de Natal e dos cartões de boas festas. Muitas escolas já antecipam a lista do material escolar. E lá vamos nós preparar a lista das compras para a ceia, ou a lista do que iremos levar nas férias, incluindo livros, jogos, protetor solar, repelente, chinelo ou casaco, conforme seja o destino da viagem. Isto sem falar na lista de projetos a serem concluídos no trabalho antes de poder sair de férias. E tem ainda a lista dos cuidados com a casa para quem vai se ausentar por algum tempo: arrumar canil para o bichinho de estimação, suspender o jornal (alguém ainda recebe jornal em casa?), organizar as contas que deverão ser pagas, fazer o seguro residencial, pedir para alguém acender as luzes, e assim por diante. Quem mora em apartamento tem menos preocupações, eu acho, mas certamente tem sua lista de desligar o gás e a água. Quanta estória de gente que viaja e volta para encontrar a cozinha inundada, horror total.

Acho ótimo aquele filme em que a personagem da Sarah Jessica Parker deita na cama, olha para o teto e vai fazendo um "checklist" mental. Só não faço o mesmo porque durmo assim que encosto a cabeça no travesseiro, um dos meus melhores talentos. Mas como levo algum tempo dirigindo para o trabalho, confesso que vou fazendo minhas listas mentais enquanto dirijo.

A questão que me aflige é que a nossa vida já é bastante atribulada sem que fiquemos todos os dias incluindo compromissos às nossas intermináveis listas. Penso que estamos contagiando nossos filhos com esta obsessão por cumprir mais e mais (e ainda perder peso e ir mais ao teatro).

Perguntei ao meu filho de 7 anos um dia destes se ele queria brincar na piscina, ao que ele respondeu que não porque tinha uma agenda cheia. Isto ao voltar da aula numa sexta-feira. Intrigada, perguntei o que poderia estar na lista de afazeres dele para aquele momento e a resposta não poderia ser mais encantadora: dar comida para a gata, fazer a lição de casa (desenhar) e abraçar o inseparável cachorro de pelúcia dele. Felizmente ele reorganizou as prioridades e foi nadar. Feliz da vida.

Deveríamos nos inspirar na sabedoria infantil e excluir de nossas listas tudo o que não for absolutamente essencial para a nossa felicidade. E o que sobrar, vamos cumprir logo de uma vez. Esta vai ser a minha resolução de ano novo.

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* Christina Montenegro Bezerra é diretora de assuntos jurídicos da América Latina da empresa Edwards Lifesciences, integrante do Jurídico de Saias







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