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Marina e Campos

Em 5/10, foi lançada uma nova razão política, Marina&Campos, aliança que pareceu a muitos surpreendente e imprevisível. Mas para quem lê nas entrelinhas do noticiário trata-se de um acontecimento dos mais lógicos e previsíveis.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Atualizado em 8 de outubro de 2013 16:04

No dia 5 de outubro próximo passado, um sábado de primavera encoberto, foi lançada uma nova razão política, Marina&Campos, aliança que pareceu a muitos surpreendente e imprevisível.

Como assim? Para quem lê nas entrelinhas do noticiário político trata-se de um acontecimento dos mais lógicos e previsíveis.

Em primeiro lugar, o espaço da oposição estava vazio faz muito tempo. A oposição capitaneada pelo PSDB, com sua divisão interna, falta de vigor e nitidez de posições, sempre foi mais nominal do que real. Pois a união entre Marina e Campos teve por efeito, antes de qualquer outra coisa, a virtude de constituir uma oposição digna deste nome, formada por políticos experimentados e programáticos, bons comunicadores, preenchendo um vácuo que era a negação desse contraditório sem o qual não existe vida política. A candidata oficial detinha praticamente o monopólio da visibilidade diária e obstinada, a posse exclusiva da máquina do governo com sua influência irresistível, sua propaganda, seus meios de pressão, além do tão propalado "carisma" do ex-presidente e criador da atual presidente. Agora, as forças estão equilibradas, com os 26% de votos de Marina na última disputa, seu prestígio e experiência de brava lutadora, aliada à popularidade de Eduardo Campos no nordeste.

Em segundo lugar, a aliança Marina&Campos teve o condão imediato de arrebatar das unhas ávidas dos velhos caciques e de seus astutos cupinchas, os marqueteiros, a direção dos rumos da eleição, que agora voltou ao seu leito natural, que é a opinião pública, a sociedade, o povo, na sua maioria já descrente da política e dos políticos. Agora o eleitorado cria nova vida, livre da pressão demagógica dos caciques empedernidos e dos marqueteiros mercenários, os Santanas da vida, responsáveis pela degeneração da política na preocupação com as próximas eleições e não com as próximas gerações. Agora, a população que acorreu às ruas em junho de 2013 volta a acreditar na política e tem em quem votar.

Nestes dois itens se resume a novidade trazida por essa nova aliança, que a maioria dos observadores e cientistas políticos, baratinados e prisioneiros de suas bitolas intelectuais se recusam a admitir.

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* Gilberto de Mello Kujawski é procurador de Justiça aposentado, escritor e jornalista.

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