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A figura essencial do Gestor Legal

A melhor forma de combater a crise, a alta competição e os reflexos da globalização será por meio da gestão racional. O tempo da advocacia romântica ficou para traz. Hoje a advocacia é um negócio promissor.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Atualizado em 14 de janeiro de 2015 12:52

O desenvolvimento das melhores práticas de gestão, que acampou a profissionalização e favoreceu o ganho de vantagem competitiva às bancas jurídicas, deu-se a partir dos anos 70, com a criação de duas organizações internacionais, a ALA - Associação of Legal Administration e, nos idos de 80, com a LMA - Legal Marketing Association.

As bancas brasileiras, antenadas com os acontecimentos no exterior e seu movimento de profissionalização, passaram a implementar as práticas de Gestão Legal.

Os escritórios jurídicos, nos anos 90, presenciaram um crescimento com a abertura da economia, privatizações e terceirizações e passaram a investir nos pilares da gestão moderna - Estratégia, Pessoas, Marketing, Produção Jurídica e Finanças; nascendo daí, a compreensão de gerir o escritório como uma organização.

Aqueles que mantiveram uma gestão de tentativa e erro, improvisada pelos sócios, sucumbiram.

No intuito de obterem maior eficiência em meio à competitividade, os escritórios de advocacia buscaram a modernização de suas estruturas organizacionais e administrativas, revisando conceitos e métodos de gestão.

A partir do ano 2000, profissionais de outras áreas como administração e economia, conquistaram espaço à frente da área administrativo-financeira das bancas; liberando, dessa forma, os sócios para a realização da prática da advocacia e o relacionamento com clientes.

O advogado sempre teve importante papel de gerar receitas.

Conscientes dessa realidade, as bancas passaram a delegar ao gestor legal, também conhecido de administrador legal, a gestão para o perfeito andamento das rotinas administrativo-financeiras.

O primeiro passo foi aceitar profissionais capacitados em áreas específicas, como tecnologia, finanças, recursos humanos, planejamento estratégico, marketing e atendimento ao cliente.

Contudo, o advogado nunca se eximiu da liderança de equipes e gestão de pessoas e, para tanto, buscou desenvolver habilidades importantes como liderança, comunicação interpessoal, capacidade de negociação, networking e conhecimento de mercado, transformando-o em um profissional de sucesso.

Infelizmente, grande parte optou por adquirir conhecimento jurídico, ao escolher um curso de especialização, por achar pouco nobre tratar de questões como gestão de equipe, captação de clientes ou marketing.

Para que a Gestão Legal atuasse na sustentabilidade da banca, no longo prazo, foi necessário definir o posicionamento correto dos escritórios.

Qualquer que seja o empreendimento, conhecer o mercado e as oportunidades são elementos imprescindíveis. Portanto, faz-se necessário pesquisar o mercado, a concorrência, o perfil dos clientes e as áreas que estão em expansão e que representavam novas oportunidades de negócios.

O gestor legal, dentre muitas de suas missões, concentra especial atenção às pessoas, considerando-as como ativo de relevante importância nos escritórios jurídicos; organizando suas relações, crescimento, premiações, sucessões e trabalhos.

Um dos fatores de alta rotatividade nas bancas, especialmente na atualidade, é a falta de uma gestão compatível com os anseios de seus profissionais, que não vislumbram crescimento profissional, boas condições de trabalho e escassez de tecnologia.

Grande parte dos escritórios valoriza apenas o trabalho dos advogados, em detrimento do administrativo, que tem vital importância nas atividades diárias.

O gerenciamento eficiente das atividades internas dará o devido suporte aos advogados, liberando-os para a prática da advocacia e a devida atenção ao cliente.

O aumento da produtividade jurídica é consequência de rotinas bem estruturadas e definidas.

Contudo, o gestor legal não poderá prescindir do pilar da produção. A qualidade está intrínseca na organização jurídica. Criar mecanismos de segurança para o controle de prazos e distribuir atividades que assegurem a qualidade e celeridade de informações são fundamentais.

Talvez um dos pontos mais nevrálgicos na Gestão Legal seja o Marketing Jurídico.

Dadas as devidas restrições do Código de Ética e Disciplina da OAB, muitas bancas temem implementar as estratégias de comunicação.

A sustentação da marca jurídica no curto, médio e longo prazo dar-se-á com o Marketing Jurídico que, por meio de diferentes estratégias, influenciará a percepção dos clientes quanto à reputação e reconhecimento da banca.

Na estratégia de marketing será preciso definir três objetivos: como prospectar clientes, como conquistá-los e, ainda, como preservar um relacionamento duradouro.

Bem como todas as demais áreas exigem capacidade administrativa e organizacional, não poderíamos deixar de citar a financeira.

O Gestor Legal assegurará a gestão e controle de custos, os resultados mensais e a projeção de caixa, elaborando demonstrativos e relatórios que permitirão aos sócios uma análise de futuros investimentos.

A ciência da administração sugere hoje diversos instrumentos e métodos que possibilitam uma gestão eficiente. A solução para tantos e diferentes problemas está na correta utilização desses instrumentos, tendo em vista o planejamento estratégico e as necessidades dos clientes.

O cumprimento de prazos, a superação de desafios e o atingimento das metas não seriam possíveis sem uma gestão inteligente. É ela quem otimiza o aproveitamento dos recursos; facilitando a tomada de decisões, melhorando a produtividade e lucratividade dos escritórios.

Somente perpetuarão aqueles que oferecerem aos seus clientes, além do conhecimento jurídico, as melhores técnicas de gestão, aliando ao Direito, as técnicas de Administração, Economia e Marketing.

A mudança é mais que necessária e urgente.

Essa condição é imposta pelo próprio mercado e pelos clientes que, indiretamente, ditam as práticas de administração.

É uma questão de sobrevivência, essencial para quem atua em um mercado exigente e altamente competitivo.

Quando a gestão é eficiente e bem planejada, possibilita ao escritório desenvolver especialidades capazes de absorver oportunidades de mercado, blindando-o das instabilidades internas e externas.

Saber gerenciar, administrar e organizar um escritório é tão importante quanto elaborar excelentes peças ou acompanhar o andamento dos processos.

A melhor forma de combater a crise, a alta competição e os reflexos da globalização será por meio da gestão racional.

O tempo da advocacia romântica ficou para traz.

Hoje a advocacia é um negócio promissor.

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*Débora Pappalardo é sócia da Inrise Consultoria em Marketing Jurídico. Graduada em Administração de Empresas e pós-graduada em Gestão Financeira e Gestão de RH e Psicologia Organizacional. Atua no recrutamento e seleção de profissionais, bem como no estudo de reestruturação organizacional de escritórios jurídicos.

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