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A escalada do pecado original

Em defesa da minha saúde, decidi não assistir mais noticiários de TV.

terça-feira, 28 de março de 2017

Atualizado em 27 de março de 2017 15:20

No século passado, década de 1970, a Editora Abril lançou uma enciclopédia popular, em fascículos, intitulada CONHECER - NOSSO TEMPO destinada a jovens. A coleção completa daria direito a receber gratuitamente, um exemplar de um livro contendo a biografia de "Personalidades do Nosso Tempo". Antes de passá-lo aos filhos, dei uma "olhada" e constatei que, ao lado de reconhecidas personalidades, como a rainha Elizabeth da Inglaterra e Alexander Fleming, descobridor da penicilina, apareceram as figuras de Charles Manson, assassino da atriz Sharon Tate e Rolf Steinner o mercenário mais sanguinário da África. Como resposta a uma carta indagadora desse critério, respondeu-me a Editora que "o conceito de personalidade, em termos jornalísticos, independia do motivo gerador da fama popular".

Mais tarde, tive o desprazer de constatar o quanto esse pensamento de "filosofia hedonista de bar" influenciava os profissionais de comunicação.

Encontrando casualmente um fiel amigo de longa data e homem de grande projeção e respeito no mundo da comunicação, disse que tinha uma boa notícia para ele. Prontamente, sacou um caderninho do paletó, pegou a caneta e perguntou do que se tratava.

O governador do GDF da época iria inaugurar, na minha propriedade, um programa de interesse popular.

Ele rapidamente guardou caneta e caderninho e disse: Isso não é boa notícia! Será boa se o programa falhar!

Com o passar do tempo vi crescer o número de "boas notícias jornalísticas" no noticiários, principalmente televisivos, com média de 70% do conteúdo se constituir de notícias policiais, crimes hediondos, "mensalões", "lava-jatos" etc...que, como não sou advogado criminalista, não me interessavam mas faziam mal ao meu estômago.

Em defesa da minha saúde, decidi não assistir mais noticiários de TV.

Mas não consegui afastar o meu sentimento de repulsa pela sanha destruidora que se apossou dos "repórteres investigativos" que inundam diuturnamente os lares brasileiros com uma atmosfera generalizada de suspeita e ódio, contidos em notícias que induzem um julgamento precipitado e sem comprovação.

Por sua vez, os "âncoras" das notícias se empenham de corpo e alma para a máxima teatralização da "informação" (que melhor se chamaria de "deformação"), sem perceber o quanto estão envolvidos na conivência causal dos prejuízos decorrentes da divulgação de notícias falsas e destrutivas, os quais poderão ser cobrados pelos prejudicados, como agora se dá com a última (queira Deus que seja) investida contra todo um setor industrial que alimenta o país não só com o seu produto mas com as divisas derivadas das exportações.

Vale lembrar o que escreveu Paul Craig Roberts no seu livro - The day Earth was murdered:

" A verdade é a última coisa que interessa aos propagadores de notícias falsas. Eles estão interessados em fabricar falsas ameaças sem confrontá-las com a realidade. O que esses "hyper-criminal" estão fazendo é assassinando a Terra."

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*Vadim da Costa Arsky é advogado.

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