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Mundialização da economia: impactos no consumo e na valoração do trabalho humano

Fernanda Dutra Tiisel

O fato é que a mundialização atual das economias tem um efeito negativo, tanto sobre as economias, como sobre as sociedades e as condições de vida e o meio ambiente.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Atualizado em 19 de abril de 2018 13:58

INTRODUÇÃO

Inicialmente, é necessário considerar que a mundialização é um processo de evolução da economia com profundas repercussões sociais, trazidas essencialmente no crescimento das exportações de capitais e na divisão internacional do trabalho, a qual assume atualmente a forma de deslocalização das unidades de produção e que abrange quase todos os países do mundo.

Não há como negar que as transformações, diretamente ligadas à evolução econômica mundial, trouxeram mudanças dimensionadas pelas reestruturações empreendidas no processo produtivo por meio da constituição das formas de produção flexíveis, da inovação científica dada ao processo tecnológico aplicado aos processos produtivos, dos novos modelos de gerenciamento da organização do trabalho.

Nessa linha, assim entende David Harvey:

O padrão de acumulação flexível é caracterizado, por setores da produção inteiramente renovados, por diferentes maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, por taxas altamente intensificadas de inovações comercial, tecnológica e de organização, sendo marcada, portanto, por um confronto com a rigidez do 'fordismo'1

Por outro lado, globalização é a demonstração atual da sociedade, do ponto de vista mundial, com o crescimento fortíssimo do setor capitalista, que visa à ideologia neoliberal, ou melhor, sem figura estatal intervindo na economia. É o crescimento da independência de todos os povos e a junção de todos os países, como se todos estivéssemos interligados.

Globalização é a maneira como a sociedade atual, etiquetada de "aldeia global" (IANNI, 1990), está condicionada pelo poder econômico. Ou seja, é uma certa fase da mundialização mas com uma certa especificidade e que se caracteriza pelo reforço da ideologia neoliberal, pelo aumento do capital fictício até níveis nunca anteriormente atingidos, num contexto de articulação e mundialização acelerada dos mercados financeiros e pela adoção de políticas econômicas, nacionais e internacionais, que reforçam o papel das multinacionais.2

Historicamente há três grandes ocorrências no tocante à globalização:

a) Império Romano: através da força se buscava formação do império;

b) Grandes descobertas: que ocorram entre os séculos XIV e XV,

período em que desvendaram-se novos continentes e foi aberto o caminho da Índia e da China;

c) Século XIX: logo após as Guerras Napoleônicas, quando ocorreu a colonização europeia da África e da Ásia.

O fato é que a mundialização atual das economias tem um efeito negativo, tanto sobre as economias, como sobre as sociedades e as condições de vida e meio ambiente. Tal situação decorre do desaparecimento das fronteiras nacionais - uma vez que os governos não possuem o controle no tocante aos movimentos do capital internacional, deixando, via de consequência, de deter o controle sobre a política econômica interna -; bem como dos choques das deslocalizações - em vista do desemprego nos países desenvolvidos e a transferência da mão de obra a países com custo muito mais acessível, o que se conhece como a utilização da "mão de obra barata".

O resultado é que as empresas que produzem nacionalmente, não possuem condições de competir no mercado e acabam por fechar. Neste esteio, há que se concluir que, além do ponto de vista positivo, dado ao conceito acima mencionado, não há como negar que a mundialização do mercado trouxe efeitos negativos à sociedade mundial, englobando, dentre outros, a figura do crescimento sem emprego, o empobrecimento, as crises financeiras e a deterioração do meio ambiente, como será tratado nos próximos capítulos.

Clique aqui para conferir a íntegra do artigo

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1. HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

2. HALL, Stuart. Globalização. Identidade Cultural na Pós-modernidade. São Paulo: MODERNA, 1990.

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*Fernanda Dutra Tiisel é advogada.

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