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Quais características garantem que os advogados não serão substituídos por robôs?

Luciana Barbosa

O olho no olho, o saber ouvir e ser empático com a causa do cliente e a capacidade argumentativa diante do júri continuam insubstituíveis.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Atualizado às 11:49

As rápidas transformações ocasionadas pelo avanço da tecnologia colocam em xeque muitas profissões. Inúmeras atividades antes realizadas por humanos já foram substituídas por máquinas e com o advento da Inteligência Artificial as discussões em torno da extinção de muitas tarefas, inclusive de cunho intelectual, se tornam ainda constantes.

 

Afinal, os advogados serão substituídos por robôs? Quais evidências corroboram esse questionamento?

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O que já foi desenvolvido

 

O que já se sabe é que a tecnologia pode sim substituir um trabalho repetitivo, pois as máquinas são programadas para executarem tarefas específicas, contanto que haja um banco de dados que possibilite essa programação.

 

Sendo assim, uma decisão tomada por um juiz, por exemplo, pode vir a ser substituída por um robô? Sim, pode! Isso porque o judiciário padroniza seus julgados, então com base nessas informações pré-concebidas os robôs decidiriam casos análogos.

 

Nos Estados Unidos, a empresa Lex Machina, que desenvolve dados e softwares de análise jurídica, já faz uso de computadores inteligentes para ações desse tipo. Decisões judiciais são coletadas para auxiliar a inteligência artificial a avaliar cada cenário e indicar qual estratégia tem maiores chances de vencer no tribunal.

 

No Brasil, desde agosto do ano passado, o STF faz uso do Projeto VICTOR, que utiliza Inteligência Artificial (IA) para aumentar a eficiência e a velocidade de avaliação judicial dos processos que chegam ao Tribunal. 

 

A ferramenta é utilizada na execução de quatro atividades: conversão de imagens em textos no processo digital, separação do começo e fim de um documento (peça processual, decisão, etc) em todo o acervo do Tribunal, separação e classificação das peças processuais mais utilizadas nas atividades do STF e a identificação dos temas de repercussão geral de maior incidência.

 

Outras atividades da advocacia também são realizadas com o auxílio da tecnologia. Já é comum buscas por documentos, publicações jurídicas e andamentos processuais, criação de formulários, textos e memorandos, mediação de conflitos entre empresas e consumidores usando chatbots e a própria predição dos resultados das causas em julgamento.

 

Argumentação de um especialista

 

Agora vamos pensar num trabalho nunca antes executado como, por exemplo, uma argumentação eloquente de um criminalista. No Tribunal do Júri, um advogado renomado, com toda sua experiência e grande capacidade argumentativa se sairá infinitamente melhor que uma máquina, restrita a configurações predeterminadas e limitadas.

 

O calor de uma sustentação oral, realizada por um advogado, ainda é insubstituível pois vem carregada por sua estruturação ética, humanística e retórica, algo que um robô, ainda não pode reproduzir.

 

Portanto, o que se conclui de tudo o que já está em discussão, e de tudo o que já foi desenvolvido, é que grande parte das atividades dos advogados serão substituídas por máquinas inteligentes, com foco em auxiliar o profissional a tornar suas tarefas mais ágeis e precisas. O olho no olho, o saber ouvir e ser empático com a causa do cliente e a capacidade argumentativa diante do júri continuam insubstituíveis.

 

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t*Luciana Barbosa é analista de comunicação na Advise, responsável pela produção de conteúdo e comunicação direta com clientes externos e internos.

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