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Brasil: o atraso da educação e idolatria à ignorância

O atraso do Brasil em relação aos países de primeiro mundo é de no mínimo 300 (trezentos) anos, no que se refere a educação.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Atualizado às 12:03

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Uma vez eu li, que o Brasil, em relação aos países desenvolvidos, possui 200 (duzentos) anos de atraso no que diz respeito a educação, lembro que à época duvidei de tal dado, pois aqui temos grandes empresas e grandes profissionais que se destacam no mundo inteiro.

Contudo, com o início da pandemia, aquele dado sobre o atraso na educação e cultura me voltou à memória, pois constantemente me estarreço com reportagens televisivas ou escritas, com postagens nas redes sociais e com as atitudes da população, e chego a conclusão que o dado estava totalmente errado, pois acredito que o atraso seja bem maior.

Não se observa entre os países mais desenvolvidos, ninguém querendo tirar "vantagem política" em relação a pandemia, pelo contrário, é possível perceber uma união em prol da busca para a solução do problema, onde todos torcem para que cientistas encontrem a cura ou uma vacina o mais breve possível, ao tempo que executam medidas para evitar proliferação do vírus de forma exponencial.

Como brasileiro, causa-me tristeza ver um presidente, sem nenhum conhecimento técnico da área, afirmar que algumas pessoas realmente irão morrer, porém serão poucas, portanto, a população pode voltar às ruas porque a economia não pode parar.

Não obstante, causa maior tristeza ainda, é ver um grupo político - que até pouco tempo estava no poder -, torcer pelo colapso na saúde pública, que poderiam ter deixada em melhores condições, com o intuito de usar aquilo nas redes sociais e em qualquer outro meio de divulgação, como forma de denegrir o opositor e ganhar "patrimônio político".

Percebe-se assim, que ambos os grupos deixam de lado verdadeiro problema, para polarizar a situação e apresentar-se cada um, como verdadeiros salvadores da pátria.

Outro fato impensável em um país desenvolvido, seria blindar 2 bilhões de reais, para se aplicar na política, enquanto se falta dinheiro para comprar os insumos mais básicos e úteis no combate ao terrível vírus, chega a ser cômico se não fosse a tragédia que se avizinha.

Não bastasse isso, temos a gloriosa população, que mesmo diante de tantos avisos e pedidos para se manter o isolamento social, não atende ou finge que não se aplica a ela (população), causando risco a própria saúde, a de sua família e de toda a comunidade que se insere.

Vale destacar que a "gloriosa população" não se contenta apenas (fato gravíssimo) em descumprir o isolamento social, mas passa agora a discutir quem tem mais razão: Bolsonaro ou Lula, esquecendo da gravidade do problema e deixando de se dedicar a uma causa mais nobre, que a atual situação exige.

Nesse cenário de discussão política, vi verdadeiros horrores, vi postagens de grupo político vibrando porque médicos que haviam votado no presidente Bolsonaro morreram em decorrência do coronavírus, dando a entender na postagem que faleceram porque votaram e apoiaram um determinado político.

Observei ainda, postagem de grupo político contrário, torcendo que a fome e a miséria que possivelmente possa vir ocorrer, em razão da paralisação do comércio, venha a atingir os eleitores do ex-presidente Lula.

Vale destacar ainda, que em todo o Brasil, observa-se a prática de crimes no âmbito da saúde, tais como falsificações de produtos de higiene (álcool em gel), de equipamentos hospitalares (respiradores) e o mais inescrupuloso de todos, os desvios de verbas pública da saúde.

Em meio a tudo isso, surgem líderes religiosos contra o isolamento social, os quais argumentam de forma clara e sem nenhuma cerimônia que estão sem recursos financeiros, uma vez que os fiéis estão em suas casas e não estão entregando o dízimo, mas não se percebe nenhuma preocupação - pelo menos naqueles que assisti -, em como poderiam ajudar os necessitados ou os doentes.

Diante dessa breve reflexão, como mero cidadão, estipulo que o atraso do Brasil em relação aos países de primeiro mundo é de no mínimo 300 (trezentos) anos, no que se refere a educação.

Lógico, que o grande número de atos generosos surgidos nesse período, nos dá esperança de viver em uma sociedade melhor, porém vejo que ainda temos muito a caminhar.

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*Antônio Carlos Fernandes Pinheiro Júnior é procurador geral do Município de Quixeramobim-CE e sócio administrador de Fernandes e Fernandes Advogados. 

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