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Entenda as questões que envolvem o comportamento do dólar nos próximos meses

Daniel Toledo

Algo importante a se dizer é que algumas pessoas ganham muito dinheiro a partir desses palpites e quando passamos a crer em boatos, publicações ou qualquer tipo de alteração que possa vir a ocorrer.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Atualizado em 29 de março de 2021 12:22

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Com tamanha instabilidade política e econômica no Brasil, e no restante do mundo, o dólar passa a ser cada vez mais volátil. Muitas pessoas se questionam e apostam se a moeda aumentará ou baixará o seu valor ao longo dos próximos meses.

Algo importante a se dizer é que algumas pessoas ganham muito dinheiro a partir desses palpites e quando passamos a crer em boatos, publicações ou qualquer tipo de alteração que possa vir a ocorrer, a mudança dos valores pode ser ainda maior, especialmente levando em consideração a situação atual, em que muitos mercados do mundo todo estão passando por situações atípicas. São nesses casos que se aplica a lei da oferta x demanda, quando muitas pessoas procuram por determinado produto, o valor começa a subir.

Mas existem também outros fatores que podem influenciar na queda ou aumento da moeda durante o ano de 2021. Recentemente o congresso americano aprovou uma proposta do presidente Biden de injetar no mercado aproximadamente 2 trilhões de dólares a partir da impressão do papel moeda. Essa é uma situação preocupante, pois a última vez que esse recurso foi utilizado foi em  2008.

As consequências disso são diversas, como a inflação, compra excessiva, aumento de preços, taxas mais baixas e, devido a essas questões, uma pressão para o dólar estar mais barato e embora essa ainda seja a principal reserva de moeda internacional, países como a China e a Rússia apertam para o outro lado, com a Bitcoin, por exemplo.

Se a base para precificar o dólar for unicamente a lei de oferta e procura, essa nova medida de Biden vai aquecer a economia americana e uma das consequências será a queda da moeda, mas há outros fatores que são determinantes para isso.

Um dos pontos mais importantes é lembrar que outros países também estão emitindo suas moedas, inclusive o Brasil, para salvar empregos e empresas. Ao fechar uma empresa parcialmente, existe um prejuízo temporário, mas quando esse negócio fecha por definitivo, é algo ainda pior para a economia, pois fornecedores deixam de receber, empregados são demitidos e esses trabalhos não voltarão futuramente.

Por conta desse fator, a injeção do valor na economia não necessariamente faz com que o dólar baixe, mas se equipare às outras moedas que estão sendo impressas, como vem acontecendo com o real e com o euro. Então, não acredito que a decisão de Biden tenha algum impacto significativo nesse quesito.

Algo preocupante é que existem algumas coisas que fazem com que o real tenha um valor inferior, que é a inflação devido a baixa taxa de juros que começou no segundo semestre de 2020. Diferentemente de habitantes de outros países, o brasileiro não tem o hábito de poupar, o que causou imenso problema durante os primeiros meses de pandemia, além do hábito comum de se endividar, que é intensificado pelas taxas bancárias abusivas.

No entanto, na minha opinião, o ponto mais importante a ser observado é que em muitos países fizeram dívidas internacionais, como a compra de vacinas, respiradores, máscaras, equipamentos e até mesmo imóveis e contratos de empréstimos, uma vez que a taxa de juros em outros países é inferior às do Brasil. 

Considerando que todos esses contratos foram feitos em dólar desde junho do ano passado até então, as empresas que fizeram essas contratações deverão honrar esses contratos com a mesma moeda, seja a curto, médio ou longo prazo. Mostrando que ela continua sendo a mais utilizada como reserva, garantia e para pagamentos nesse período.

Com a emissão de tantos contratos e a injeção de papel moeda no mercado é possível que ocorra o desequilíbrio, causando a queda do dólar, visto que o real não é utilizado como uma moeda de reserva e de pagamentos internacionais. 

No entanto, para o descontentamento da nação, vale ressaltar que o Brasil vem atuando na contramão do que deveria ser feito desde o início da pandemia do coronavírus, tudo devido a disputas políticas e de vaidade, que tem um custo alto para os cofres públicos, diminuindo a credibilidade do país perante outras nações, o que dificulta investimentos do exterior e até empréstimos.

Além disso, alguns pontos como a volumosa emissão do real, alta taxa de juros, falta de captação de impostos e o desemprego devido às empresas que quebraram nos últimos meses e a instabilidade econômica e política, são as principais causas para a desvalorização do real e, consequentemente, a alta do dólar.

Portanto, devido a todos esses fatores, acredito que não existe a possibilidade de o dólar baixar nos próximos meses. Pelo contrário, tudo isso indica pressão para que ele fique cada vez mais alto perante a moeda brasileira. O ideal, nesse momento, é atrelar a renda a alguma outra moeda internacional, mesmo que não seja a americana, para conseguir ter uma rentabilidade maior do patrimônio.

Daniel Toledo

Daniel Toledo

Advogado do escritório Toledo Advogados Associados. Especializado em Direito Internacional. Consultor de negócios. Palestrante. Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB/SP e Santos.

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