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O celular é o de menos para o criminoso: o foco é a sua conta bancária

Antigamente o prejuízo era apenas o valor do celular roubado. Atualmente, envolve a sua conta bancária que será zerada em questão de segundos.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Atualizado às 17:18

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Dor de cabeça. Isso resume um celular roubado hoje. Esse dispositivo se tornou cada vez mais parte das nossas vidas, englobando todas as nossas informações e principalmente por ser o "comandante" das nossas movimentações financeiras.

Vai acessar sua conta no ibanking? Vai te pedir o token no celular. Acessou o ibaking para fazer uma transferência? Vai te pedir o token no celular, e assim por diante.

Por isso que o mobile banking não só ganhou espaço, como ultrapassou o internet banking em acessos de acordo com um estudo feito pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), o que mostra o perfil do usuário cada vez mais mobile.

Os criminosos acompanham os fatos do cotidiano, o que faz com que estes criem oportunidades de aplicação e evolução de seus crimes, não ficando distante portanto o roubo de celular.

O crime de roubo apresenta números alarmantes. Só em São Paulo, o índice cresceu 60% em 2020, se comparado com 2019, e agora os criminosos estão inovando esta prática, pois diante dos inúmeros alertas sobre segurança, as pessoas passaram a proteger seus dispositivos com senhas, biometrias e Face ID.

Pensando na dificuldade em acessar os aparelhos, os criminosos saem do plano do roubo, ou seja, subtrair coisa alheia móvel mediante violência ou grave ameaça, e ingressam no plano da extorsão, ou seja, coagir a vítima, mediante violência ou grave ameaça com o intuito de obter vantagem ilícita.

Na prática, o criminoso te surpreende com violência ou grave ameaça, pede para você destravar seu celular, acessar seus aplicativos bancários e realizar transferências, onde consequentemente ainda obtém o dispositivo.

A diferença entre roubo e extorsão, é que neste último você vítima entrega ao criminoso o bem jurídico. No roubo, ele subtrai de você mediante violência.

Isso significa que a sua participação é primordial para que haja o crime de extorsão, sendo que no roubo esta não se faz necessária.

Você deve se perguntar: vou ficar com dois prejuízos? Sem celular e sem dinheiro?

Vamos por partes. Sua instituição ou suas instituições não são apenas responsáveis pelo seu dinheiro. Essa responsabilidade engloba o seu perfil financeiro também.

O que eu quero dizer com isso é: se não é do seu perfil zerar a sua conta com inúmeras transações seguidas, não poderia a instituição aprovar essas transferências.

Portanto, em caso de recusa de estorno, essa é base processual para reparação de danos na esfera judicial, mais precisamente na área cível.

Mas também não se pode esquecer do bem ora subtraído, onde recomenda-se que você encaminhe o boletim de ocorrência para a empresa responsável pelo seu seguro.

Neste caso, não existe a possibilidade de realizar uma ocorrência online, sendo indispensável a sua presença em uma delegacia, onde recomenda-se ainda o acompanhamento de um advogado.

Não será fácil reaver os valores, bem como um novo dispositivo. Por conta disso, o melhor caminho é: não saia com seu celular sem necessidade. Vai passear com o cachorro? Deixe o celular em casa, pois os criminosos estão se disfarçando de entregadores de comidas para ver quem está com o celular na mão distraído.

Está no metrô? Tome cuidado, pois existem olheiros nas estações somente averiguando os celulares nas mãos das pessoas.

Eu sei que de certa forma somos privados dessa "liberdade", mas é melhor do que perder todo o seu dinheiro, bem como todos os seus dados.

Fernanda Tasinaffo

Fernanda Tasinaffo

Advogada no Escritório Tasinaffo, especialista em Direito Digital, Ouvidora no Pagbank e Perita Grafotécnica e Documental.

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