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Singularidade ou coletividade empresarial?

Sejamos coletivos e singulares e não singulares por conceito.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Atualizado às 15:15

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Muito se discute que no novo ambiente empresarial e corporativo o mais importante é a manutenção da sua essência, ou seja, não se submeter, não mudar de opinião, seguir seus instintos seguir sua ética. Só esqueceram de avisar aos filósofos de plantão que este ambiente é coletivo, multidisciplinar e interdisciplinar, e que possui vários perfis, personas, timbres, egos, desejos e anseios, e é aqui que nosso título cria corpo, como ser coletivo e manter-se singular? 

De forma literal podemos conceituar como singularidade, o entendimento do site Dicio, "qualidade do que é único, distinto dos demais, excentricidade, originalidade...", e da mesma forma trazemos o conceito de coletividade pelo mesmo site, que cita "natureza do que é coletivo, do que contém, abrange ou pertence a várias pessoas ou coisas: a coletividade é a essência da sociedade.  

Confesso que me torno confuso, se o coletivo é a essência da sociedade como podemos estar fomentando tanto a individualidade? As coisas perderam o tom, as pessoas perderam o senso, e isso se dá exatamente a este conflito de que ser singular é poder fazer qualquer coisa, se respeitando e não necessariamente respeitando os demais. 

Vejam, por favor, não é este um texto polêmico que busca acender ou reacender os excessos, mas é preciso que entendamos que há regras, que há protocolos, que o que é elegante não deixará de ser, e o que é simples continua o sendo. 

Estamos perdidos, pessoas que devem, vejam, devem, se forem cobradas alegam estarem sendo importunadas. Outras que assinam contratos, insisto, assinam, julgam depois poder não cumprir, pois passam a não concordar mais, na mais simples ordem de que mudei de opinião. 

Não é assim, não pode ser assim, nossos dias exigem reflexão constante, queremos perfeição, mas não somos perfeitos, queremos do nosso jeito, mas sequer sabemos se este formato é o melhor, queremos mais, porém nos esforçamos menos, e quando queremos menos por simplesmente querer, ficamos condicionados a criticar quem quer mais, quem quer fazer além, ir além, então faz sentido dizermos que aquele  que busca singularidade é aquele que mais critica e cutuca o outro que pensa do mesmo jeito, só que díspar daquilo que você entende ou deseja. 

Anseio por mais coletividade, mas uma coletividade real, livre de politicagem, de chopps pagos sem a essência da amizade, de sorrisos de mídias sociais, de flutuações comportamentais que mais parecem uma leitura para profissionais da psicanálise, que segundo Sigmund Freud em uma de suas máximas traduz como "teoria da alma ou da psique. Metodologia terapêutica que examina o teor inconsciente das palavras, atos e/ou concepções imaginativas de um ser, baseando-se nas relações livres e na transferência"... entendeu? É uma investigação psicológica que tem por fim trazer à luz da consciência os sentimentos obscuros ou recalcados. 

O ambiente empresarial exige respeito e seriedade, não é porque entendemos que tudo bem usarmos bermudas que tudo bem eu vir com areia da praia nos pés sujando a empresa, não é por aí.  

Estamos numa era complexa, de reflexões, afirmações, decepções, e se todos resolverem agir singularmente será o fim, haverá um conjunto de singulares que tomarão uma forma de coletivo e passaremos então a ter o coletivo do singular, em outras palavras iremos pluralizar o que não foi composto do coletivo e dar sentido amplo a algo restrito. 

Estapafúrdia a ideia de que tudo se pode, de todos são iguais e ponto final, óbvio que não, lógico que não, todos somos diferentes, e aceitar as diferenças é conviver no coletivo, estamos usando a desculpa do discriminatório para sermos obrigados a aceitar tudo, e pagaremos um preço elevado, talvez impagável por essa "falsa gestão" de que "aqui você é livre". Livre para o que? 

Trate as pessoas com respeito. Se tem obrigações as cumpra. Se tem responsabilidades as admita. Se tem culpa aceite. Se tem que melhorar, melhore, mas pare, pare de culpar a tudo e a todos pela sua incapacidade de viver em sociedade, é uma incapacidade latente, perigosa, tendenciosa e te levará ao fundo do poço. 

Seja você mesmo, mas não seja um ser que não se importa, seja elegante, seja gentil, mas se necessário, seja o que precisa ser, ainda que te ofenda em algo, ainda que te apresente como não ideal. A vida não é feita de fazer o que se gosta, e sim de gostar do que se precisa fazer.  

Aprenda, estude, use a sua singularidade em prol da coletividade, assim transformaremos os ambientes empresariais  já  doentes e já cercados de toda falta de capacidade de entendimento real e necessário daquilo que se precisa para prosperar. 

Sejamos coletivos e singulares e não singulares por conceito. O mundo precisa de você, desde que você entenda que isso só se fará em sociedade, comunidade, pluralidade. Está tudo invertido, é só observar para ver. 

Sérvulo Mendonça

Sérvulo Mendonça

Fundador, CEO do Grupo Epicus (RJ); Sócio da Advento Contabilidade (PA); 22 anos de atuação na área de Contabilidade de Gestão; Colunista e Escritor; Mestrado em Contabilidade.

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